O declínio e a extinção de anfíbios, um problema que afeta os quatro cantos do planeta, têm sido associados a uma doença fúngica chamada chytridiomycosis, um mal incurável que incha a boca dos sapos e provoca ataque cardíaco. Contudo, esse não é o único vilão das lagoas. Pesquisa do Instituto Nacional de Síntese Biológica e Matemática dos EUA (NIMBioS, na sigla em inglês) mostra que outro patógeno, o ranavírus, também está contribuindo para a redução populacional desses animais.
Em uma série de modelos matemáticos, os pesquisadores constataram que o vírus, que causa hemorragia severa dos órgãos internos, pode provocar a extinção de populações isoladas da espécie Lithobates sylvaticus, muito bem distribuída pela América do Norte. Os anfíbios do grupo são bastante suscetíveis à infecção do ranavírus, mas poucas pesquisas foram feitas até agora para constatar como o micro-organismo afeta os anfíbios durante os diferentes ciclos da vida do animal – desde o ovo à fase da metamorfose, quando ele passa de girino a sapo. Também quase nada se sabe sobre como a infecção pode levar à extinção de populações inteiras.
O estudo do NIMBioS, publicado no jornal EcoHealth, investigou o efeito do ranavírus em todos os períodos do ciclo de vida do sapo da floresta em populações isoladas demograficamente. Os pesquisadores usaram simulações matemáticas baseadas em dados de populações selvagens no Leste dos Estados Unidos e as cruzaram com informações de laboratório a respeito da infecção por ranovírus. A análise permitiu constatar que o estágio da vida no qual o anfíbio foi exposto ao micro-organismo é um dos mais significativos fatores para determinar a extinção e o declínio populacional do sapo.
De acordo com os pesquisadores, a extinção é mais provável de ocorrer quando o girino ou o animal em fase de metamorfose entram em contato com o ranavírus. Nos piores cenários, uma população inteira é capaz de desaparecer em apenas cinco anos caso haja exposição ao micro-organismo anualmente. Se o contato acontecer em biênios, o sumiço populacional se dá entre 25 e 44 anos.
Curiosamente, quando ainda estão dentro do ovo, os sapos parecem mais protegidos. Nessa fase, a taxa de sobrevivência é de 57%. Os cientistas especulam que isso ocorre graças à proteção da membrana gelatinosa que envolve o ovo. Ela pode servir como uma barreira ou mesmo conter propriedades antivirais. Os anfíbios já são considerados os vertebrados que mais correm perigo na vida selvagem. De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), um terço das espécies encontram-se em risco ou ameaçadas de extinção.
Fonte: em.com.br