Morreu no início da tarde dessa sexta-feira (28) o cachorro Bob, o vira-latas da família Rodrigues, retratado na edição dessa sexta-feira. Os tutores do animal e vizinhos denunciavam uma matança por envenenamento, que estaria ocorrendo com frequência nos últimos dois anos. Na quinta-feira, o cão Bob iniciou com um quadro de extrema debilidade, vômito e diarreia com sangue. Antes dele, sete animais da casa já tinham morrido da mesma forma.
Sem condições financeiras para procurar atendimento particular, a família sofreu junto com Bob. Com a publicação da história no jornal e um apelo feito na Rádio Gazeta AM, diversas pessoas se sensibilizaram. Durante a manhã dessa sexta, agentes da Vigilância Sanitária estiveram no local, bem como o veterinário Sandro Lima, da Clínica São Francisco. Devido à gravidade da condição, não foi possível salvar o animal.
No entanto, segundo Lima, a morte não ocorreu por envenenamento. Bob foi vítima de uma virose, doença que o veterinário imagina circular por aquela região do bairro, sendo contraída pelos cachorros. Esta, aliás, é uma ocorrência comum neste inverno, beneficiada pelas condições climáticas. Em alguns casos, dependendo da imunidade do animal, o quadro avança para a morte em poucos dias. “Santa Cruz está passando por um surto de viroses”, afirma o veterinário.
As mais comuns são a cinomose, parvovirose e coronavirose, as duas primeiras violentas e altamente contagiosas. Os sintomas começam com prostração (estado de abatimento extremo), indisposição e vômito. Aliados a isso aparecem características específicas de cada tipo, variando entre diarreia, secreções (nasais e até oculares) e problemas de pele, podendo agravar também o sistema nervoso – provocando confusão e caminhar cambaleante.
Essas doenças virais atingem tanto cães quanto gatos, com transmissão de um animal para o outro – mas apenas de cão para cão e gato para gato, e nenhum deles para humanos. O tratamento nem sempre é eficaz. De acordo com Sandro, como não existe medicação específica, a gravidade depende muito do quadro imunológico. “O vírus pode se tornar um monstro, de acordo com a imunidade. Depois que contraiu, o tratamento se dá com antibióticos, às vezes soro. Mas tudo na intenção de dar suporte ao organismo, para que consiga reagir”, explica. Condições como má alimentação e frio podem derrubar as defesas naturais.
Vacina
A única forma de evitar que o cachorro ou gato contraia essas doenças é a prevenção com vacina. Geralmente as doses são múltiplas e atuam no combate de três a 12 viroses, dependendo da opção do tutor no momento da aplicação. A vacinação deve ser feita aos 45, 75 e 105 dias de vida. Depois, a contar da última, o reforço precisa ser anual. O custo médio é de R$ 20,00. Além das polivalentes, a vacina contra a raiva também precisa ser providenciada.
O veterinário lembra que o processo de prevenção também contempla outros cuidados, como a limpeza constante do local onde fica o animal, a alimentação balanceada e a troca frequente da água que ele bebe. O tutor também tem que ficar atento para condições de umidade e temperaturas baixas a que o bicho possa ficar exposto. “Os vírus vão se modificando constantemente, e ficando até mais fortes. Então, cabe a nós nos prepararmos, agindo preventivamente.
As doenças
•• Cinomose É altamente contagiosa, causada por um vírus bastante resistente ao meio ambiente. Animais de todas as idades podem ser acometidos. O período de incubação pode chegar a dez dias. O animal apresenta febre, apatia, perda de apetite, vômitos, secreção nasal e ocular e sinais neurológicos, dentre outros. O vírus atinge vários órgãos, como rins e pulmões. Uma vez diagnosticado, o animal recebe tratamento de suporte, que dê condições para o organismo reagir. O curso da doença é variável. A morte ocorre com frequência e muitas vezes o tutor opta pela eutanásia para aliviar o sofrimento de seu bichinho. Mesmo com um tratamento intensivo e adequado, a resistência individual é o fator mais importante. A vacina é a forma de prevenção. •• Parvovirose A parvovirose é comum e causadora de 80% de morte nos filhotes contaminados. Os sinais são febre, apatia, perda de apetite, vômitos e diarreia profusa. O animal solta as fezes na forma de jatos, com muito sangue. Desidrata rapidamente e deve receber cuidados imediatos. Muitos necessitam de internação, pois a doença aparece de forma abrupta e violenta. O tratamento visa a dar suporte aos animais para que consigam reagir. O período de incubação pode chegar a 12 dias, e o bicho que sobreviver à doença ficará imunizado temporariamente. •• Coronavirose É um vírus muito similar ao da parvovirose, com sintomas semelhantes. É considerado mais brando que a parvo, mas pode levar à morte. Os sinais clínicos são febre, inapetência, apatia, vômitos e diarreia na forma de jatos. Os animais recebem tratamento sintomático, e as chances de sobrevivência são maiores.
Fonte: Gazeta do Sul