O diretor do Parque Biológico de Gaia, Nuno Oliveira, aponta uma doença como a causa mais provável pelo surgimento de uma grande quantidade de polvos, no último final de semana – sábado e domingo –, no areal entre as freguesias de Canidelo e Valadares, em Vila Nova de Gaia.
No entanto, o diretor ressalva que é necessário esperar pelas conclusões das análises que serão feitas em alguns espécimes pelo Instituto de Medicina Veterinária de Lisboa, a partir de hoje, e cujos resultados poderão demorar cerca de duas semanas para serem conhecidos. Nuno Oliveira irá contactar também a Universidade de Vigo, que tem desenvolvido estudos sobre esta espécie.
“Aponta-se para causas naturais, especificamente viroses de polvos”, afirmou Nuno Oliveira, que afasta a hipótese de os polvos terem sido vítimas de poluição ou atirados ao mar. Oliveira acrescentou que “tudo leva a apontar para uma doença; agora, o que a fez disparar já é outra questão”. No sábado, as autoridades recolheram entre 500 e 600 quilos de polvo, ao passo que ontem a quantidade recolhida baixou para a média de 50 e 60 quilos, o que levou Nuno Oliveira a considerar que o fenômeno teria terminado.
Na opinião de alguns pescadores, a mortandade foi é provocada por excesso de água doce. Uma explicação descartada por Nuno Oliveira. “Tudo é possível, mas a dissolução é imensa. Não me parece que isso possa afetar e uma coisa estranha é que o caso foi muito localizado. Além disso, o polvo tem um grau de resistência à variação da salinidade relativamente grande”, justificou.
Ontem, também na costa, foi encontrado um golfinho na praia da Granja, em Gaia, mas Nuno Oliveira ressalta que não há qualquer relação entre este caso e o dos polvos. “O exemplar que chegou à costa apresenta sinais de estar morto há dias. Não tem nada de anormal, é um aparecimento típico de inverno.”
Entre os polvos recolhidos no sábado, também foi encontrado um pé, calçado com um sapato. A Polícia Judiciária está investigando este caso, mas Nuno Oliveira também já desdramatizou o achado. “É algo macabro, de fato, mas nem imaginamos as coisas macabras que existem no mar e que podem dar à costa.”
Às pessoas que levaram polvos para casa, a Capitania do Porto do Douro e Leixões avisou para não consumi-los devido ao fato de ainda se desconhecer a razão da morte dos moluscos.
Fonte: Ecosfera