Vigilante adota cachorro que há meses esperava por tutor que morreu em hospital de Maringá (PR)
1 de outubro de 2024
Redação ANDA
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Um cachorrinho morou cerca de oito meses em frente ao Hospital Universitário de Maringá, no norte do Paraná, à espera do tutor que foi internado e morreu na instituição. Fiel, ele se tornou conhecido entre os funcionários, incluindo o vigia noturno Samuel Alves Moreira, de 54 anos, que decidiu adotá-lo.
“Eu trabalho das 19h às 7h e ele me acompanhava nas rondas, andava comigo. Só que é o seguinte, eu tinha que ir com a moto. Ele ia na frente, fazendo a ronda, e eu atrás dele, na moto. Ele olhava de um lado para o outro, muito esperto”, conta.
Moreira relembra que sempre encontrava o cãozinho em frente à porta onde as funerárias retiravam os corpos de pacientes que faleceram no hospital. Durante uma conversa com o funcionário de uma funerária, o vigilante descobriu que a pessoa por quem o cão esperava infelizmente não iria voltar.
“Um dos funcionários falou: ‘Rapaz, esse cachorro uma vez seguiu a gente uns dois quilômetros. […] Eu acho que nós levamos o tutor dele’”, conta.
Moreira conta que ele e alguns amigos resolveram dar um nome para o cão que representasse toda sua personalidade: Coragem. O cãozinho acabou conquistando a simpatia das pessoas que passavam por lá, em especial o do vigilante, com quem mais convivia.
O cão também passou a fazer parte da rotina de funcionários do hospital, que davam comida, água fresca e até uma casinha.
Ele tinha o pano dele para deitar, aí, meia-noite mais ou menos, eu colocava para ele deitar lá. Só que uma vez eu esqueci esse horário, ele foi lá, trouxe o pano na boca e colocou para eu estender para ele”, relembra o vigilante.
Após meses como companheiros no dia a dia, Moreira decidiu dar um lar definitivo ao cão e se tornou seu tutor.
“Ele ficava na recepção do hospital, olhando… ele achava que o tutor dele ia voltar. Quando o tutor dele estava lá internado, eu imagino que ele pedia no coração dele que arrumasse um tutor que realmente amasse o Coragem. E, realmente, se ele pensou, ele acertou, porque eu e o Coragem nos damos muito bem”, comentou.
Família cresceu
A chegada do cão na vida de Moreira foi muito parecida com a história de Meg, a “irmã mais velha” do Coragem.
Em 2011, o vigilante trabalhava como segurança em um shopping da cidade. Durante o expediente, foi abordado por um casal que estava com viagem marcada e procurando alguém para adotar uma cachorrinha.
“Eu estava trabalhando nos corredores e aí chegou um casal com um pacotinho. O cãozinho estava na sacola e tudo. Aí falou assim: ‘Moço, eu precisava que alguém amasse esse cachorrinho aqui. A gente está indo embora para Curitiba e não tem onde ficar. Eu não queria passar para uma pessoa que realmente não ama o animal e eu percebo que você gosta de animais'”, relembra.
Naquele dia, Moreira adotou a cachorrinha Meg, que agora ganhou um companheiro.
“O Coragem é muito esperto, então ele respeitou, porque ele sabe que tinha uma moradora aqui que chegou antes dele. Hoje os dois se entendem, a Meg aceitou ele numa boa”, comemora.
Moreira afirma que as rondas pelo hospital ficaram mais solitárias, mas por um bom motivo.
“Dá saudade. Tem até a graminha aonde ele deitava, ficava amassada a graminha… Aí eu fazendo as minhas rondas, sem o Coragem. […] Mas quando eu chego de manhã, ele tá todo feliz no portão, me esperando. Eu prefiro ele aqui do que lá, no relento”, diz.