As elefantas africanas Pupy, de 35 anos, e Kenya, de 44 anos, estão vivendo uma nova fase da vida no Santuário de Elefantes Brasil (SEB), em Chapada dos Guimarães (MT) depois de décadas confinadas em zoológicos na Argentina. Após longos anos de cativeiro, ambas agora têm a chance de explorar a natureza, interagir com outras elefantas e recuperar comportamentos típicos da espécie.
Pupy chegou em abril de 2025 e, de forma simbólica, “recepcionou” Kenya, que no santuário em 9 de julho de 2025. Desde então, as duas vêm protagonizando momentos emocionantes, que mostram os primeiros sinais de adaptação e amizade.
Uma jornada de mais de 2 mil km até a liberdade
As duas elefantas percorreram mais de 2 mil quilômetros até o novo lar em Mato Grosso. O transporte exigiu meses de preparação para garantir segurança e tranquilidade.
No caso de Pupy, que deixou o Ecoparque de Buenos Aires, o primeiro plano era que ela viajasse em fevereiro de 2025, mas a saída precisou ser adiada porque a elefanta não se sentiu segura na caixa de transporte. A operação exigiu paciência, técnicas de dessensibilização e acompanhamento constante.
Já Kenya, mais sensível, passou pelo mesmo processo.
Histórias marcadas por perdas e isolamento
A trajetória das elefantas é marcada por solidão e despedidas dolorosas.
- Pupy nasceu na África e foi levada em 1993 para um zoológico em Buenos Aires, onde viveu mais de 30 anos. Passou boa parte da vida no chamado Templo Hindu dos Elefantes, ao lado de sua companheira Kuky, que morreu em outubro de 2024, antes da transferência para o Brasil.
- Kenya passou quase toda a vida sozinha no antigo zoológico de Mendoza. Ela treinava para ser transferida ao lado de Tamy, um elefante asiático de 55 anos, que morreu em junho de 2025, debilitado após anos de confinamento.
Essas perdas tornaram o reencontro com a liberdade ainda mais simbólico e emocionante.
A vida no santuário
O Santuário de Elefantes Brasil (SEB) é uma organização sem fins lucrativos que oferece a animais resgatados o espaço, os cuidados e a tranquilidade necessários para reabilitação física e emocional.
Localizado em uma área extensa de mata em Chapada dos Guimarães, o SEB já abriga outras cinco elefantas asiáticas: Bambi, Mara, Raia, Maia e Guilhermina. Todas têm em comum um passado de exploração em circos e zoológicos.
Diferente de zoológicos, o santuário não recebe visitação turística. O objetivo é que os elefantes vivam soltos e longe de estresse, sendo observados apenas pelos tratadores. Quem deseja acompanhar o dia a dia pode fazê-lo pelas redes sociais do SEB ou participar da campanha “Adotar um Elefante”, ajudando financeiramente nos cuidados das moradoras.
Expectativa para o futuro
O processo de adaptação de Pupy e Kenya está em andamento e deve levar meses até que elas se sintam completamente seguras no novo ambiente e na convivência com as demais elefantas.
Ver essa foto no Instagram
Para os cuidadores, cada rolada na terra, toque de tromba ou sinal de curiosidade é um avanço na reconexão com a natureza. As histórias dessas gigantes africanas lembram que liberdade e bem-estar são conquistas que transformam vidas, mesmo depois de décadas de confinamento.
Fonte: Primeira Página