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Touro sofre maus-tratos em Benevides (PA)

15 de novembro de 2013
5 min. de leitura
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O vídeo mostra um touro da raça Nelore amarrado por cordas e sendo puxado por um caminhão. Em seguida, um trator tenta mover o animal. O caso foi registrado em uma rua de Benfica, distrito do município paraense de Benevides (PA).

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

As imagens foram gravadas no último domingo (10) por uma consultora de vendas que prefere não se identificar. Segundo ela, o animal havia fugido de uma fazenda da região e capatazes tentavam levá-lo de volta à propriedade.

“Fui passar o final de semana na casa dos meus pais, para ter um pouco de tranquilidade, mas tive um domingo muito triste. Saí de lá passando mal, nunca vi tamanha crueldade”, conta a consultora. No vídeo, é possível ver o touro sendo amarrado por capatazes para em seguida, ser puxado por um caminhão. “Eles maltratam demais o bicho, porque ele não aguentava nem ficar em pé”.

As imagens mostram o momento em que um homem que ajudava no resgate do animal agride o touro. Ele pula em cima do bicho, e em seguida, dá um soco na cabeça do touro.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Segundo a consultora, a polícia foi acionada para interromper a ação dos capatazes. “A Polícia Militar foi lá duas vezes, uma de moto e outra de viatura. Depois chegou a Polícia Ambiental, e mandaram soltar o touro”, conta.

Para manter a integridade do animal, a consultora afirma que um vizinho disponibilizou uma área para que o touro ficasse até que o resgate adequado fosse realizado. “Levaram o animal para uma área mais próxima porque ele não tinha condições de chegar à fazenda. Daí deixaram ele lá por uns dois dias, antes de irem buscar”, explica.

Ibama confirma maus-tratos

As imagens foram analisadas pelo chefe da divisão técnica ambiental do Instituto do Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Alex Lacerda. Segundo ele, tudo que aparece nas imagens configura crime de maus-tratos.

Além disso, o tipo de transporte feito para levar o animal é inadequado: o ideal seria que ele fosse transportado por um caminhão boiadeiro.

Em um dos momentos do resgate, um grupo de homens tenta colocar o touro na pá de uma retroescavadeira. Porém, como o animal é muito pesado, a tentativa não é bem sucedida.

“Só o estresse a que esse animal estava sendo submetido poderia levá-lo a morte. A multa para este tipo de crime é de R$ 500 a R$ 3 mil, ou até mesmo prisão. Mas o Ibama só atua nesses casos quando o poder municipal e estadual não tomam providências”, explica.

“Esse método de transporte é tradicional no interior”

O sargento Cardel, do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), foi um dos oficiais que atendeu ao chamado da consultora de vendas. Ele explica que esta forma de transportar gado é comum em Benfica, já que o distrito é uma zona rural. “Se ela [consultora] for a alguns interiores, ela vai mandar prender todo mundo porque é assim que se transporta gado no interior. Não houve arrastamento. Aqueles ferimentos são antigos, de briga com outros animais e também de se encostar na cerca”.

De acordo com Cardel, para deslocar os animais muitas vezes os capatazes usam até aparelhos para dar choque. “Eles usam o choque para os bichos ficarem de pé. É um método tradicional. Se você for domingo de novo lá, você vai ver outros animais na mesma situação”, diz.

Polícia Ambiental diz que animal não estava ferido

O caso foi registrado no Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), em Belém. Ao ser acionado, o órgão enviou agentes até o local para apurar a ocorrência. Em entrevista ao G1, o comandante do BPA, coronel Mauro Pinheiro, informou que a guarnição que presenciou a ocorrência não constatou crime de maus-tratos.

Nas imagens, é possível ver uma viatura da Polícia Ambiental e dois policiais militares fardados acompanhando a ação da população.

Poças de sangue aparecem no asfalto, possivelmente de ferimentos do touro, mas o BPA diz que o animal não estava ferido.
“Apesar do vídeo ser forte, não foi constatado maus-tratos porque o animal não estava com ferimentos. Na hora que eles chegaram lá, eles viram a ocorrência, viram o animal amarrado. Foi constatado que teve uma resistência do animal. Ele senta, se deita, como se não quisesse se deslocar, mas é um animal pesado e forte. Nós fomos até a fazenda e o animal está bem. Para configurar crime de maus-tratos, o animal teria que estar machucado, ferido. E não estava”, afirmou Pinheiro.

De acordo com o coronel, o dono da fazenda foi advertido. “Os agentes foram até a fazenda, falaram com ele e orientaram sobre a conduta adequada para o transporte deste animal. Sem a constatação de maus-tratos a gente não pode tomar providência. A pessoa que fez o vídeo fez no sentido de coibir aquilo, e foi coibido”.

Veterinário deve avaliar o animal

Segundo o delegado Waldir Freire, da Delegacia de Meio Ambiente (Dema), apenas um veterinário pode constatar se o animal sofreu ou não maus-tratos. “A pessoa que está reclamando disso tem que trazer até aqui essa informação. Quando chegar, a gente abre investigação para apurar o caso”, esclareceu.

Caso a ocorrência configure crime de maus-tratos, a pena para os envolvidos varia de 3 meses a um ano de detenção, quando a pessoa tem seus direitos de cidadão restringidos, não podendo viajar sem avisar a Justiça. Além disso, o suspeito pode receber uma multa de acordo com o poder aquisitivo.

Fonte: G1

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