As imagens filmadas com uma câmera escondida em um matadouro na cidade de Vigan, no sudeste da França, divulgadas nesta terça-feira (23), mostram maus-tratos aos animais e crueldade gratuita. O regulamento europeu estabelece, desde 2009, “que todo sofrimento animal deve ser evitado na hora da morte e das operações anexas”.
O vídeo de 4 minutos e 30 segundos foi feito pela associação de defesa dos direitos animais L214, que prestou queixa contra o matadouro. O estabelecimento tem a certificação de produtos orgânicos. As imagens, chocantes, mostram animais lançados violentamente contras as grades antes da morte e porcos e bois decepados ainda conscientes. Outra cena revoltante é o momento em que o funcionário do matadouro se diverte dando choques nos animais, até queimá-los.
As imagens também denunciam a inexistência de materiais apropriados para o abate e a ausência de inspetores veterinários, como prevê a lei. A morte dos animais em matadouros, como lembra o site do jornal Le Monde, nunca é “suave”, mas a regulamentação existe para evitar qualquer sofrimento inútil.
Cenas são intoleráveis
Mesmo em matadouros convencionais, os animais são anestesiados: são usadas pinças elétricas nos carneiros e pistolas nos bovinos. Desta forma, eles estão inconscientes no momento da morte. Caso o método não funcione, eles recebem uma segunda anestesia, o que não é o caso do vídeo divulgado pela associação, que denuncia cenas “intoleráveis”: elas não só ferem o regulamento como causam um sofrimento desnecessário.
A L214 pede a abertura de uma comissão de investigação parlamentar sobre os métodos usados nos matadouros franceses. “Temos uma imagem idílica da produção orgânica. Não existe morte orgânica ou suave”, argumenta a porta-voz da associação, Brigitte Gothière. “Já está na hora de olhar de frente e com honestidade a realidade nos matadouros, e mesmo os certificados não podem mascarar a crueldade.”
“Casos de maus-tratos e negligência são cotidianos”
“As imagens, principalmente dos carneiros jogados nas grades, mostram um caso de maus-tratos que pode ser objeto de sanções profissionais e judiciárias”, disse o ex-inspetor veterinário Martial Albar, em entrevista ao jornal Le Monde. “As outras revelam o funcionamento padrão dos matadouros na França, onde os casos de maus-tratos e negligência são cotidianos”.
Ele também lamenta a falta de gestão técnica permanente dos operadores, que asseguram o respeito dos procedimentos”. O estabelecimento emprega três funcionários e foi modernizado entre 2010 e 2014. Seu diretor, Laurent Kauffmann, reconhece que houve aparentemente, “uma falha profissional grave, que se for provada deverá ser punida”.
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Fonte: RFI França