Por Natalia Cesana (da Redação)
São 2.700 porcos mantidos em condições péssimas, confinados durante a gestação em jaulas apertadas, com apenas 50 cm. Cauda e orelhas barbaramente mutiladas, castração sem anestesia com poucos dias de vida. Alguns possuem evidentes feridas e chagas pelo corpo e pelo focinho. Outros sequer ficam de pé e seus olhos são sofridos e desesperados. Ao redor dos porcos adultos, pequenos leitões jogados sem vida. As informações são do site Green Me.
Estas terríveis imagens foram extraídas da pesquisa realizada pela Sociedade Humanitária dos Estados Unidos na Seaboard Foods, fazenda de criação intensiva de suínos em Goodwell, Oklahoma, e fornecedor da maior rede de supermercados dos Estados Unidos, o Walmart.
A Seaboard, que produz 4 milhões de porcos ao ano, descreve-se como uma empresa preocupada com o “bem-estar dos animais” que cria para matar. Mas a Sociedade Humanitária dos EUA documentau exatamente o contrário, com imagens que evidentemente contradizem o declarado.
Justamente por causa dessas declarações contraditórias, dos atos ilícitos e da falta de qualquer prática preocupada com o bem-estar animal – a começar pelo fato de ser uma empresa que cria e confina animais para o consumo -, a associação animalista apresentou uma reclamação formal à Comissão de Seguridade e Câmbio e à Comissão Federal do Comércio contra a Seaboard Corporation.
“Tentamos por mais de um ano entrar em contato com a empresa para exprimir a nossa preocupação com os animais”- explica Peter Brandt ao Huffington Post – “mas eles sempre se recusaram a responder”.
Segundo a porta-voz da Sociedade Humanitária dos EUA, Dianna Gee, a rede WalMart afirmou que tomará as medidas necessárias e que a Seaboard Foods é um dentre os cerca de 100 fornecedores de carne de porco, mas oferece apenas uma pequena porcentagem ao supermercado.
A trágica situação dos porcos não é um evento raro. Diariamente, milhares, milhões de suínos de todo o mundo que vivem em fazendas de criação intensiva são obrigados a ficar presos dentro de jaulas superlotadas, privados da mínima liberdade de movimento, impedidos de expressar seus instintos afetivos e sexuais, alimentados com uma dieta inadequada, forçados a respirar um ar saturado de substâncias químicas danosas e pobre de oxigênio e sujeitos a constantes aplicações de antibióticos e hormônios e a uma iluminação ininterrupta que os impede de dormir.
Os animais assim explorados manifestam graves patologias orgânicas e psicológicas, que os tornam inclusive agressivos. Para resolver o problema, cauda e testículos são cortados. Por isso, e até para evitar que se tornem agressivos, os filhotes são rapidamente castrados, não por expertos mas por simples funcionários que sequer recorrem à anestesia.
Estes animais viverão o resto de suas vidas sofridas em um box de cimento, dentro de galpões junto a outros 10 ou 15 porcos. No verão o calor se torna insuportável, assim como o mau cheiro decorrente da urina e das fezes. Quando chega o momento do abate, os pobres animais são primeiro atordoados e depois mortos. Mas ninguém, na verdade, verificará se eles estão de fato inconscientes, nem antes de jogá-los em um banho com água fervente.
A situação não melhora para as fêmeas reprodutoras, que vivem apenas dois anos, enquanto na natureza viveriam 18. Após a fertilização, elas são colocadas em pequenas gaiolas de ferro, como as mostradas no vídeo, que as impedem de executar qualquer movimento. Poucos dias antes do parto, a porca é transferida para uma sala onde é envolta por tubos e apenas a parte inferior do corpo fica livre. Após 40 a 50 dias, os filhotes são levados para outro box e as fêmeas recomeçam o ciclo gestacional.
O vídeo investigativo pode ser visto a seguir (alerta: cenas de extrema violência e sofrimento). As imagens fortes a seguir devem ser vistas principalmente por quem ainda consome carne:
Estas são as fazendas de criação intensiva: lugares cruéis, altamente infectos e desnecessários.
A única maneira de evitar é deixar de comer carne animal. Salvar estes pobres animais só depende de nós mesmos.