Um vídeo gravado no início deste mês em Jandaíra, na Bahia, mostra quatro jegues se divertindo na areia da praia, rolando e interagindo em plena liberdade. As imagens, que ganharam as redes sociais, revelam a natureza lúdica e sensível desses animais, capazes de expressar alegria e sociabilidade quando não submetidos à exploração humana.
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No entanto, por trás dessa cena esconde-se uma realidade brutal: a Bahia abriga o único abatedouro de jumentos do Brasil, localizado em Amargosa, autorizado a exportar para a China. Lá, esses mesmos animais – inteligentes, sencientes e cheios de vida – são mortos para que suas peles sejam transformadas em ejiao, um suposto produto medicinal e cosmético da tradição chinesa.
A permissão para o abate, que havia sido suspensa em 2018, foi retomada em 2019 por decisão judicial, ignorando protestos de entidades como a Frente Nacional de Defesa dos Jumentos. Os jumentos são criados e transportados em condições precárias, e submetidos a uma morte violenta.
Em 2022, o deputado baiano José de Arimateia (Republicanos) apresentou um projeto de lei para proibir o abate no estado, mas a proposta foi barrada por um parecer contrário do deputado Paulo Câmara (PSDB). Enquanto a política negligencia a vida desses animais, vídeos como o de Jandaíra lembram que os jumentos não são recursos, mas seres sencientes, dignos de compaixão e proteção.
Enquanto os jegues brincam despreocupados na praia, sua felicidade nos lembra que todos os animais merecem viver com dignidade, longe da exploração e da morte. Cenas como essa deveriam ser a regra, não a exceção. É nosso dever lutar por um mundo onde nenhum animal seja reduzido a um produto, onde a vida prevaleça sobre o lucro.