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CRUELDADE

Vidas descartáveis: macacos explorados em laboratórios podem ser mortos devido a congelamento de verbas de Trump

Universidades americanas colocam a morte como único destino para esse pobres animais

20 de abril de 2025
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Mladen Antonov/AFP via Getty

Enquanto Harvard e o governo Trump travam uma batalha política sobre financiamento e autonomia universitária, os verdadeiros reféns dessa disputa são os animais de laboratório, agora ameaçados de morte por uma decisão que expõe a crueldade e a inconsistência da experimentação animal.

Na terça-feira (15/04), os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) ordenaram a paralisação de pesquisas após o congelamento de US$ 2 bilhões em verbas federais — uma retaliação de Trump porque Harvard se recusou a atender exigências como abolir programas de diversidade e entregar dados de estudantes estrangeiros. Mas, em vez de questionar a dependência de testes em animais, pesquisadores alertam que macacos e outros animais poderão ser mortos por falta de recursos.

Sarah Fortune, líder de um estudo sobre tuberculose, admitiu ao Boston Globe que os macacos usados em suas pesquisas podem ser mortos se o financiamento não for restaurado.

“Eles são tão preciosos”, disse, lamentando a possibilidade de interromper os experimentos. No entanto, a fala revela a contradição da ciência que trata vidas como descartáveis: se os animais são tão valiosos, por que a única solução apresentada é matá-los, em vez de buscar seu resgate ou realocação?

A situação não é isolada. Outros laboratórios também avaliam o extermínio de animais, evidenciando como a pesquisa científica os reduz a meros instrumentos — preservados apenas enquanto são úteis, mas eliminados quando inconvenientes. A justificativa de que suas mortes são “necessárias” ignora questionamentos éticos fundamentais: por que universidades como Harvard continuam investindo em modelos cruéis e ultrapassados, mesmo com substitutos modernos disponíveis?

Enquanto isso, a discussão pública se limita ao embate entre Trump e a instituição, como se a autonomia acadêmica fosse a única vítima. O presidente acusa Harvard de “privilégio elitista”, e a universidade se defende alegando que o governo não pode controlar seu ensino. Mas nenhum dos lados menciona os direitos animais, tratados como danos colaterais em uma guerra de egos.

Ativistas pelos direitos animais há anos denunciam que a experimentação científica é não apenas cruel, mas muitas vezes ineficaz, já que resultados em espécies diferentes nem sempre se aplicam a humanos. Se Harvard realmente valorizasse a inovação, priorizaria métodos substitutivos — como organoides, inteligência artificial ou modelos computadorizados — em vez de manter um sistema que exige a morte de seres sencientes quando o financiamento acaba.

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