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PERDA DE HABITAT

Vidas descartáveis: cerca de 3.500 elefantes foram mortos nos últimos dez anos no Sri Lanka

Cada vez mais encurralados pela expansão humana, os elefantes são assassinados, eletrocutados, envenenados ou atropelados por trens

28 de fevereiro de 2025
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: AFP

Os elefantes estão enfrentando uma crise sem precedentes no Sri Lanka. Um levantamento anunciado pelo governo local ontem (27/02) revelou que nos últimos dez anos 3.484 elefantes foram mortos em conflitos com humanos, um número que supera em quase três vezes o de mortes humanas no mesmo período.

Considerados tesouros nacionais no Sri Lanka, os elefantes estão sendo encurralados pela expansão humana, que avança sobre seus territórios naturais. Muitos desses animais são assassinados, eletrocutados, envenenados ou atropelados por trens, como ocorreu recentemente na região de Habarana, onde sete elefantes, incluindo três filhotes, morreram após uma colisão.

Cenas comoventes de elefantes adultos tentando confortar filhotes feridos, com as trombas entrelaçadas, revelam uma profunda capacidade de luto e conexão emocional, semelhante aos rituais humanos. Esses comportamentos, recentemente estudados, destacam a complexidade emocional e social desses animais.

O governo do Sri Lanka anunciou medidas emergenciais, como a construção de cercas elétricas e o aumento do número de guardas-florestais, para tentar reduzir os conflitos. No entanto, essas ações parecem insuficientes diante da escala do problema.

A destruição do habitat dos elefantes, aliada à falta de políticas eficazes de proteção, tem levado a um aumento constante no número de mortes. Entre 2022 e 2023, por exemplo, 450 elefantes foram mortos, representando mais de 10% da população total desses animais no país. Esse dado é alarmante, especialmente considerando que o elefante asiático já está classificado como espécie em risco de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Entre os humanos o número foi de 1.195 mortos. Agricultores, desesperados com a destruição de suas plantações, muitas vezes recorrem à violência contra os elefantes, perpetuando um ciclo de morte e destruição. No entanto, é crucial reconhecer que a raiz do problema está na invasão humana dos habitats naturais desses animais.

A perda de terras e recursos para os elefantes não é apenas uma questão ambiental, mas também uma violação dos direitos desses seres sencientes, que têm tanto direito à vida e ao espaço quanto os humanos.

O governo precisa ir além de medidas paliativas e adotar uma abordagem mais holística, que priorize a proteção e a restauração dos habitats naturais dos elefantes. Além disso, é essencial educar as comunidades locais sobre a importância da coexistência pacífica e desenvolver alternativas sustentáveis para os agricultores, de modo a reduzir a dependência de métodos violentos.

A vida dos elefantes não pode continuar a ser tratada como um custo colateral do desenvolvimento humano. É necessário reconhecer que a sobrevivência desses animais é um reflexo direto de nossa capacidade de viver em harmonia com a natureza.

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