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Vida de escravo

22 de junho de 2015
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Escravo substantivo masculino
1. Indivíduo que foi destituído da sua liberdade e que vive em absoluta sujeição a alguém que o trata como um bem explorável e negociável. = CATIVO

(“Escravo”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013,)

Foto: Divulgação
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“A escravidão (denominada também de escravismo, escravagismo ou escravatura1 ) é a prática social em que um ser humano assume direitos de propriedade sobre outro ser designado por escravo, ao qual é imposta tal condição por meio da força. Em algumas sociedades, desde os tempos mais remotos, os escravos eram legalmente definidos como uma mercadoria. Os preços variavam conforme as condições físicas, habilidades profissionais, a idade, a procedência e o destino.

Enquanto modo de produção, a escravidão assenta na exploração do trabalho forçado da mão de obra escrava. Os senhores alimentam os seus escravos e apropriam-se do produto restante do trabalho destes.” ( Wikipédia, a enciclopédia livre).

Trecho do poema: “A mãe do cativo” – Castro Alves 
“…..Ensina a teu filho – desonra, misérias,
A vida nos crimes – a morte na dor.”
Pobre mãe que serve ao seu dono, parideira de escravos, parideira de mercadorias, fonte de renda, vitima da exploração. De seu ventre vem filhotes, de cães, gatos, cavalos e bois. Que se não nascem para o gostoso prato, nascem para as humilhações, do trabalho escravo ou vendida a leilões, como mercadorias e não escapam nenhum, nem mesmo os cães. Pobres mães….
Que seja covarde… que marche encurvado…
Que de homem se torne sombrio réptil.
Pobres mães, ensina seu filho, escravo cativo, a ser submisso, a aceitar o patrão. Dobra seu instinto a força de açoites que quando não são físicos, são psicológicos ou fisiológicos. Irritando o olfato ou provocando mal estar, para que a lição eles possam assim fixar. E suas necessidades fisiológicas não venham a errar. Encurva seu dorso, destemido cavalo, forte touro, valente cachorro, sede seus instintos e com eles sua vida, em escravidão submissa em servidão sem premissa.
Foto: Divulgação
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Nem core de pejo, nem trema de raiva
Se a face lhe cortam com o látego vil.
Aceita seu destino, inevitável cruz, e sem reclamar, assim como fez Jesus. Não tens o direito de enfurecer-se ou negar seu trabalho, seja no campo, no turismo ou no esporte. Assim é domado nobre cavalo, abaixo dos porretes do temível malho.
Assim é o valente cão e o independente gato, não pode rosnar ou unhar seu algoz, por pior que seja a violência a que sofre, até aquela mais atroz. A tudo se submete, servil escravo, na dor, na solidão, na tristeza e angustia. Nenhuma esperança resta em sua alma, só migalhas de amor conhece, e poucos pedaços de dura ração.
Arranca-o do leito… seu corpo habitue-se
Ao frio das noites, aos raios do sol.
Na vida – só cabe-lhe a tanga rasgada!
Na morte – só cabe-lhe o roto lençol….
Foto: Divulgação
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Dorme na hora que quer seu dono, acorda na hora que ele manda brincar, o que sentes pouco importa o que faz é a ele agradar. Se se sente sozinho vem seus carinhos buscar, mas se tem companhia num canto vai te largar, mas o pior de tudo e que não podes nem uma vez pensar em reclamar.
Acorda cavalo e vai trabalhar, só por que es grandes acham que tem de aguentar, todo peso do mundo em sua coluna lombar. Infeliz com fome e sede tem de se sujeitar, um dia inteiro a labutar. E se demoras, o chicote zine no ar e sua pele vai encontrar. Pobre infeliz a te explorar.
Acorda a vaca a hora chegou, não es seu bezerro a lhe chamar, mas sim aquele que quer te explorar, maldito ordenhador a seu leite roubar. Te trata com mal humor e começa a xingar por tão cedo ter de acordar. Pobre vaca de saudade de sua cria vive a chorar.
Ensina-lhe as dores de um fero trabalho…
Trabalho que pagam com pútrido pão.
Que ganham voz animais trabalhadores, migalhas de uma vida de exploração, muito pior que migalhas de pútrido pão. Fragmentos de uma vida, pura ilusão.
Foto: Divulgação
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Dor, sofrimento, trabalho e exploração. Mesmo para aqueles que parecem, estar em melhor situação, tudo não passa de transfiguração…tudo não passa da mesma exploração.
Uns dão o trabalho, fisco e braçal, outros a esperança o amor fraternal, e tudo em troca de uma vida que não tem nada de natural. Que só serve ao senhor que lhe compra e explora sem considerar seus sentimentos, sem lhe dar a mínima esmola.
Depois que os amigos açoite no tronco…
Depois que adormeça co’o sono de um cão.
São estes os cantos que deves na terra
Ao mísero escravo somente ensinar.
Pobre irmãos, filhos do mesmo Deus. Que vieram ao mundo para aprender e ensinar. Com o homem aprenderam a dor, o sofrimento e o penar.
Quem sabe um dia aprendam a liberdade, de poder sua vida desfrutar.
Sem precisar as dores da escravidão ter de experimentar!
Ó Mãe que balanças a rede selvagem
Que ataste nos troncos do vasto palmar.
Trecho do poema: “A mãe do cativo” – Castro Alves

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