Por Gabriela Meneses
Fiel companhia e amor incondicional. Muitos acreditam que só eles podem dar e, por isso, enchem a casa da presença desses divertidos amigos. Mas, cães e gatos também sofrem com a falta de um lar.
É com alegria que a simpática cadela Bia (sem raça definida) recebe a todos. Eufórica, balança o rabo em movimentos rápidos, enquanto os olhinhos amarelos brilham de felicidade. Até posa para as fotos e, por tantas vezes, parece sorrir. Junto de Bia, a sapeca yorkshire Iná faz sala para quem chega ao apartamento. Além das duas “mocinhas”, mais seis olhares felinos e observadores acolhem os visitantes. “São os meus filhos”, assim a cientista social Aline Marques, 29, refere-se aos seus animais de estimação. Ela, que mora em um apartamento na Praia do Futuro, com mais dois irmãos, abriga oito animais. “Tudo por amor aos bichinhos”.
Todos os “filhinhos” da cientista social foram encontrados na rua, abandonados, menos a primogênita Iná. Já a simpática anfitriã Bia é filha do coração, provisoriamente, enquanto não aparece um tutor à altura da bela cadelinha. “A Bia está aqui só por um tempo. Domingo (hoje) vem uma pessoa aqui pra eu fazer a entrevista e saber se ela vai embora. Se ela for mesmo, não vou chorar. É uma nova vida para ela”, diz.
Aline começou com a prática de adotar animais de rua em 2004. Bia é o 35ª bichinho a passar pelo apartamento dela. “A Bia é uma graça. Ela era muito doida quando chegou aqui. Hoje já está bem mais calma, mais socializada”, diz. Além de receber educação e ser tratada com muito amor, Bia foi medicada, alimentada e hoje exibe a formosura de uma jovem cadelinha de quase oito meses.
Alguns acolhem, como Aline, mas outros tantos abandonam seus animais, por diversos motivos. O belo waimarana Gitano está passando por isso. Sob a guarda de Maria de Fátima Ferreira Lima, 52, aposentada por invalidez, Gitano precisa ir embora, pois ela não tem condição de criá-lo. “Eu morro de pena dele ir embora, desde pequeno ele mora com a gente, mas eu não posso mais com ele. O Gitano é muito grande”, diz.
Cuidados
Segundo o veterinário Pericles Duarte Portela, a maioria dos casos de abandono de animais é por mudança ou por problemas de saúde, como no caso de dona Maria de Fátima. O veterinário alerta que o ideal, quando não há mais condições de cuidar do animal, é entrar em contato com pessoas que participam de entidades protetoras de animais, a fim de que eles sejam enviados para um novo lar, adequado a característica própria de cada um. “A adaptação a um novo ambiente varia, depende de cada animal. Mas os animais mais jovens tem uma facilidade maior de adaptação”.
Além disso, é necessário que os novos tutores verifiquem se a vacinação e a vermifugação (tratamento com medicamento vermicida) está em dia. Se possível, os tutores devem também esterilizar o animal, principalmente se for gato, para evitar a procriação descontrolada. O veterinário acredita ainda que existe a possibilidade de o animal se sentir até melhor no novo lar, caso ele seja bem tratado. “Se ele for pra um ambiente melhor, ele vai se adaptar rápido. O animal gosta de ser bem tratado”.
Por isso, Aline espera que o novo tutor de Bia a receba com todos os carinhos e mimos que a simpática cadelinha merece. “Se eu não sentir que a pessoa vai tratar a Bia melhor que eu, não deixo ela ir embora”, afirma. Dona Fátima também aguarda um tutor que queira bem e cuide do grande Gitano como ele está acostumado. “Aqui ele é amado, é bem cuidado. Mas só de pensar que ele vai embora, me dá uma tristeza”.
Saiba mais
Encontrei um animal abandonado, que faço?
> Leve o animal a um veterinário, mesmo que ele pareça saudável. Vermifugue-o, mesmo que pareça estar tudo bem;
> Se ele estiver com boa saúde, alguns dias após a vermifugação, deve-se vacinar e esterilizar;
> Informações: (85) 8833 2457 (Upac)
>Em Fortaleza, a União Protetora dos Animais Carentes (Upac) foi criada para evitar o sacrifício de animais sadios por parte do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). De acordo com Cristiane Pontes Maia, membro da Upac, o grupo trabalha resgatando animais, que foram abandonados ou estão nas ruas com grave situação de saúde, a fim de encaminhar para adoção.
> Segundo Cristiane, todos os dias a Upac encaminha cerca de dois animais para novos lares. Ela diz também que existem mais pessoas querendo se desfazer dos animais do que pessoas interessadas em adotar.
> De acordo com Cristiane, os animais que são adotados mais facilmente são os cachorros macho, na idade jovem adulto.
> De acordo com a lei complementar federal número 11, de 17 de dezembro de 2002, é proibido abandonar animais em qualquer área pública ou privada. Também é de responsabilidade dos proprietários a manutenção dos animais em perfeitas condições de alojamento, alimentação,saúde e bem-estar.
Fonte: O POVO