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Vício em Netflix é ruim para o meio ambiente?

5 de novembro de 2018
5 min. de leitura
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Foto: Pixabay

Assistir ao seu programa favorito ou ouvir sua playlist nunca foi tão fácil.

Uma gama virtual praticamente infinita de filmes, músicas e programas de TV pode ser transmitida e baixada quase instantaneamente.

Mas a que custo para o meio ambiente?

Vastas quantidades de energia são necessárias para manter os dados fluindo na internet e a demanda só aumenta à medida que nossa dependência de serviços digitais cresce.

Parte dessa energia é gerada a partir de fontes limpas, mas outra parte dela é obtida da queima de combustíveis fósseis à base de carbono, que a maioria dos cientistas afirma ser um fator que contribui para o aumento das temperaturas globais.

O último relatório feito por cientistas do clima demonstra a escala dos perigos enfrentados pelas emissões de carbono.

“Como nós potencializamos nossa infraestrutura digital, está rapidamente se tornando crucial saber se conseguiremos conter as mudanças climáticas a tempo”, diz Gary Cook, analista do setor de TI do Greenpeace.

Afinal, reduzir o tempo gasto na internet pode realmente fazer diferença no consumo de energia e no aquecimento global?

Estima-se que o setor de Tecnologia da Informação (TI) – da alimentação de servidores da internet a cargas de smartphones – tenha a mesma pegada ecológica que as emissões de combustível da indústria da aviação. Deve consumir até 20% da eletricidade mundial até 2030, segundo Anders Andrae, da Huawei Technologies.

Contas de transmissão de vídeo por streaming usam a maior fatia do tráfego de internet do mundo.

Assistir a vídeos pela internet em casa é praticamente o mesmo que ter duas ou três lâmpadas incandescentes ligadas, segundo os professores Chris Preist e Dan Schien, do departamento de ciência da computação da Universidade de Bristol.

Além da força usada por esses dispositivos, a energia é consumida pelas redes que distribuem o conteúdo.

Mais demanda por tecnologia também significa que mais energia será necessária para armazenar e compartilhar grandes quantidades de informações.

É aí que entram os datacenters – geralmente instalados em prédios imensos que abrigam servidores que armazenam, processam e distribuem o tráfego da Internet. Os servidores em si exigem uma grande quantidade de refrigeração.

A maior parte do tráfego mundial de internet passa por esses data centers, que hospedam plataformas de streaming como Facebook, YouTube e Netflix. Por exemplo, a primeira tem mais de 2 bilhões de usuários, e a última, cerca de 140 milhões de assinantes.

Estima-se que esses datacenters consumam atualmente pelo menos 1% da eletricidade mundial, um número que deve aumentar no futuro.

Eles também respondem por cerca de 0,3% das emissões globais de CO2.

Andrae, da Huawei, afirma que os data centers que estão sendo construídos em todo o mundo devem ser alimentados por energia renovável para minimizar essas emissões.

O projeto Eureca, financiado pela Comissão Europeia, descobriu que os data centers nos países da UE consumiam 25% mais energia em 2017 em comparação com 2014.

O cientista chefe, Rabih Bashroush, calculou que 5 bilhões de downloads e transmissões sincronizadas pela música Despacito, lançada em 2017, consumiram tanta eletricidade quanto Chade, Guiné-Bissau, Somália, Serra Leoa e República Centro-Africana juntos em um único ano.

Mas o que você pode fazer?

Toda vez que você se senta para assistir ou ouvir algo online, a quantidade de energia consumida pode mudar. Depende de uma série de fatores, incluindo a eficiência do dispositivo.

A transmissão terrestre de TV é muito mais eficiente do que as tecnologias atuais de streaming para canais de TV, que são assistidos por um grande número de pessoas, dizem os professores Preist e Schien.

Os telefones celulares tendem a ser os mais eficientes em termos de energia – mais do que uma TV ou um notebook.

Mas também depende de como você usa o streaming. Um celular usando wi-fi consome menos energia do que um conectado a 3G ou 4G.

Mesmo se você não estiver usando o seu dispositivo, por ter o wi-fi em casa, você ainda está consumindo energia, diz Preist. “Então, em casa, muito do consumo de energia vem de todos nós, mantendo nossos equipamentos conectados 24 horas por dia.”

Alguns data centers podem ser mais eficientes que outros. Mantê-los em locais mais frios, no subsolo, por exemplo, pode reduzir as grandes quantidades de energia necessárias para o resfriamento.

O último relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) sugeriu que, apesar do aumento da carga de trabalho dos data centers, que triplicarão até 2020, a quantidade de eletricidade usada aumentará apenas 3%.

Isso se resume a melhorias contínuas na eficiência dos servidores e na infraestrutura do data center, e a uma mudança para centros maiores, porém mais eficientes.

Algumas das grandes empresas de tecnologia têm sido elogiadas por serem mais abertas sobre o quão eficientes elas são.

O Facebook espera que seu novo data center em Cingapura seja alimentado por 100% de energia renovável, algo que a Apple diz que já acontece com todas as suas instalações globais. Muitas outras empresas se comprometeram a atingir esse objetivo.

As empresas também compensam a quantidade de energia não renovável que consomem, apoiando projetos de energia renovável.

O escrutínio de empresas menos conhecidas e menores e seu consumo de energia devem ser uma prioridade, diz Bashroush.

“É preciso dar mais atenção às instalações de data center menores que estão fora do radar, e é aí que está a próxima grande oportunidade de economizar energia, é onde os grandes players não são tão ruins em comparação”, diz ele.

Fonte: G1

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