Recentemente o jornal britânico The Guardian publicou o resultado de uma pesquisa que mostra que um voo de longa duração gera mais emissões de carbono, ou seja, de gás do efeito estufa que contribui com o aquecimento global, do que a média de emissões produzidas por pessoas de dezenas de países ao longo de um ano.
Mesmo em voos curtos, como por exemplo, de Londres a Edimburgo, as emissões de CO2 são superiores à média anual de pessoas que vivem em Uganda ou Somália. E até o final de 2019 a estimativa é de aumento de 5% em relação a 2018 e mais de 300% em relação à 1990.
Segundo dados da organização alemã Atmosfair, voar de Londres para Nova York gera cerca de 986 quilos de CO2 por passageiro. Isso chama atenção, considerando que em 56 países, incluindo o Burundi e o Paraguai, essa é a emissão anual média de seus moradores.
Já de Londres a Roma a emissão é de 234 quilos, equivalente à geração anual de emissões de carbono de cidadãos de 17 países. Os números incluem apenas o CO2 gerado pela queima de combustível, sem considerar outros tipos de emissões ou gases do efeito estufa emitidos pelos aviões.
De acordo com projeções de pesquisadores da Universidade Metropolitana de Manchester, as emissões do setor poderão ultrapassar o dobro até 2050, mesmo que os aviões se tornem substancialmente mais econômicos em combustível e as companhias aéreas economizem carbono adicional otimizando suas operações.
Em um cenário menos otimista, um nível mais baixo de economia de combustível pode levar as emissões a triplicarem até 2050. “O aumento do tráfego ultrapassou historicamente as melhorias na tecnologia”, disse ao The Guardian o dr. John Broderick, que pesquisa política climática e transporte internacional na Universidade de Manchester.
A Organização Internacional da Aviação Civil – órgão da ONU responsável por limitar a pegada de carbono das viagens aéreas internacionais – está introduzindo um esquema que visa compensar as emissões, permitindo que as companhias aéreas comprem créditos de carbono em vez de queimar menos combustíveis fósseis.
Broderick é cético em relação aos benefícios do esquema. “Você ainda tem um plano para aumentar o tamanho da indústria … em um momento em que deveríamos fazer reduções substanciais nas emissões.” A estimativa é de que até o final do ano quase 40 milhões de voos partam de aeroportos do mundo todo.