Veterinários de vida selvagem iniciaram a aplicação de uma vacina experimental em mamíferos marinhos como medida preventiva contra a gripe aviária na Califórnia, Estados Unidos.
A primeira etapa, que foi realizada em julho, incluiu seis elefantes-marinhos-do-norte em processo de reabilitação no Centro de Mamíferos Marinhos em Sausalito. A intenção é, a partir dos resultados, oferecer a proteção também às focas-monge do Havaí, uma espécie ameaçada de extinção que corre risco de ser devastada pelo vírus H5N1.
Atualmente, restam apenas 1.600 focas-monge na natureza. Nas próximas semanas, a chegada de aves migratórias às ilhas havaianas pode trazer o patógeno, colocando em perigo a sobrevivência desse grupo.
“Há certa urgência”, declarou Sophie Whoriskey, diretora associada de Medicina de Conservação do Havaí no Centro de Mamíferos Marinhos. Ela destacou que a decisão sobre a vacinação será tomada em conjunto com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA).
“Levaremos os resultados em consideração enquanto trabalhamos para garantir a sobrevivência das espécies marinhas em risco no nosso país”, reforçou Rachel Hager, porta-voz da NOAA.
Primeiras aplicações
Ainda não existe uma vacina específica contra a gripe aviária para mamíferos marinhos, mas para essa ação emergencial, a farmacêutica veterinária Zoetis cedeu doses de um imunizante reformulado originalmente para bois.
Para não intervir diretamente nas focas-monge ameaçadas, a equipe iniciou o processo com elefantes-marinhos-do-norte, que também são vulneráveis ao vírus, mas com uma população mais abundante.
Três indivíduos receberam a primeira dose, enquanto os demais receberam solução neutra. Uma segunda aplicação foi feita três semanas depois. Durante o acompanhamento, alguns apresentaram reações de pele, mas não foi possível confirmar se estavam relacionadas à vacina, já que também ocorreram em animais que não receberam o imunizante. Outro fator considerado foi o uso de sedativos no manejo, além da presença de vespas no local.
No início de agosto, um dos elefantes-marinhos veio a óbito, mas fazia parte do grupo que não recebeu a vacina, e a causa está sendo investigada.
Ao final do mês, os cinco sobreviventes foram avaliados e reintegrados ao oceano. As análises de sangue coletadas deverão indicar se houve desenvolvimento de anticorpos contra o vírus.
A partir dessas informações, será discutida a ampliação da vacinação para as focas-monge, medida que pode ser muito importante para assegurar a continuidade dessa espécie em liberdade.