Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
Um famoso santuário é, na verdade, um pesadelo para os animais, alegam dois ex-funcionários do local.
O Santuário de Bichos-preguiça da Costa Rica é um centro de resgate internacionalmente reconhecido que diz salvar e reabilitar bichos-preguiça perdidos ou feridos, relata o The Dodo.
O santuário é um destino turístico popular e foi destaque na série “Conheça as preguiças”, feita pelo Animal Planet em 2013.
Porém, agora, dois veterinários que recentemente deixaram o local afirmam que há vários animais doentes e feridos nos bastidores.
Em maio de 2015, a veterinária Camila Dunner foi contratada pelo santuário e logo percebeu que havia cerca de 200 bichos-preguiça amontoados e feridos em gaiolas apertadas fora da área normalmente vista pelo público.
A maioria dos animais nunca foi solta na natureza e alguns foram sequestrados para serem mantidos em cativeiro.
Muitos estavam doentes, feridos ou em condições precárias de habitação, além de receberem uma alimentação inadequada e falta de cuidados veterinários, segundo Dunner e seu marido Gabriel Pastor, que também foi contratado pelo local.
Dunner e Pastor dirigiram as suas preocupações aos proprietários. “Eles disseram que queriam uma mudança e que buscavam alguém com conhecimento. Vimos uma oportunidade ali”, disse Dunner.
Porém, os proprietários não acataram as sugestões dos profissionais. De acordo com o casal, rapidamente se tornou claro que o Santuário não tinha nenhuma intenção de libertar os animais na natureza.
“Ela continuou fazendo do Santuário um negócio”, disse Dunner em referência à fundadora do estabelecimento Judy Avey-Arroyo.
Desde sua fundação, o santuário manteve 725 bichos-preguiças mas libertou apenas 41 animais reabilitados, menos de dois por ano, segundo dados fornecidos por Dunner.
Reprodução
Um dos grandes problemas é que o número de animais cresce a uma taxa anual de 13%. Não há um controle sobre a reprodução, pois machos e fêmeas são mantidos nas mesmas jaulas e a gravidez deixa as fêmeas ainda mais estressadas.
Os filhotes nascidos no santuário também têm um caminho difícil pela frente. Eles são frequentemente mantidos ao lado de bichos-preguiça jovens e suas necessidades são diferentes. Enquanto os filhotes precisam se alimentar a cada duas horas, eles são alimentados apenas quatro vezes ao dia, juntamente com os animais maiores.
Famintos, os filhotes procuram mamar em qualquer lugar em que conseguem se segurar e muitos deles desenvolvem deformidades na mandíbula, afetando também o crescimento de seus dentes.
Alimentação
Dunner e Pastor afirmam também que o santuário fornece uma dieta inadequada para os animais que são alimentados com legumes cozidos e crus, em vez da dieta à base de folhas que eles comeriam na natureza.
Como resultado, muitos desenvolvem síndrome de má absorção, o que leva à desnutrição e, em casos graves, morte súbita, explicam eles.
A dieta inapropriada também danifica seus sistemas digestivos. Dunner e Pastor trataram muitos animais que apresentaram constipação grave ou incapacidade de urinar, o que leva dolorosos sofrimentos devido aos estômagos distendidos. “Este foi um dos problemas mais comuns tratados por nós”, diz Dunner.
A dieta também provoca cortes nas bocas dos animais, cortando seu suprimento de ar. Dunner declarou que, em alguns casos, foram feitas traqueostomias de emergência nos bichos-preguiça.
Feridas
Trancafiados durante o resto de suas vidas em gaiolas minúsculas, os animais não têm acesso às áreas externas e, assim, oportunidade de escalar.
O resultado é que suas unhas, às vezes, crescem tanto que fazem uma curva, perfurando a pele dos animais.
“Gastamos muito tempo para cuidar desses ferimentos auto infligidos. As unhas cresciam demais e perfuravam a palma dos animais.”, explicou Dunner.
O casal também tratou ferimentos de luta, infecções, abscessos, entre outros.
Esta não é a primeira vez que o santuário é acusado de abuso com os animais . Em 2012, uma mulher que alegou ser uma ex-voluntária acusou o santuário de negligência em post feito em um blog pessoal que posteriormente foi excluído.