Um falcão-peregrino, que percorreu cerca de 10 mil quilômetros desde os Estados Unidos até o oeste do Paraná, foi resgatado ferido e passou por uma cirurgia de urgência realizada pela equipe do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Setor Palotina. A ave, que estava em plena migração para o hemisfério sul, foi encontrada em um sítio em Nova Santa Rosa (PR) e rapidamente encaminhada para o hospital. Os veterinários identificaram uma luxação na asa, exigindo uma intervenção imediata e complexa. Segundo o professor Anderson Luiz de Carvalho, coordenador do Serviço de Atendimento de Animais Silvestres e Exóticos (SAAS) da UFPR, a cirurgia foi uma “tentativa de reposicionamento de tendões” e exigiu um planejamento meticuloso.
O falcão-peregrino, um macho que foi anilhado em Ocean City, Maryland, EUA, quando ainda filhote, estava em um estado delicado ao chegar ao hospital. Após ser estabilizado com analgésicos, anti-inflamatórios e alimentação, a equipe realizou a cirurgia para corrigir a luxação na asa. A complexidade do procedimento foi agravada pela necessidade de agir rapidamente, já que as aves podem ter reações adversas à anestesia. “A cirurgia transcorreu da forma com que a gente esperava. Conseguimos fazer o reposicionamento do cotovelo com o fixador e o animal se recuperou bem”, relatou o professor Anderson, destacando a importância da rapidez na intervenção.
Atualmente, o falcão está em processo de recuperação, sendo monitorado para verificar se será possível a soltura de volta à natureza. A equipe de veterinários irá realizar fisioterapia nas próximas semanas, com o objetivo de restaurar a funcionalidade total da asa. “Ainda é cedo para dizer se a resposta vai ser exatamente a resposta que a gente quer, que seria a perfeita funcionalidade da asa e a possibilidade de soltura futura desse animal”, explicou Anderson. Caso a recuperação não permita o retorno ao seu habitat natural, a ave será encaminhada a uma instituição especializada para sua reabilitação.
O falcão-peregrino é uma espécie migratória, que viaja em busca de alimentação, especialmente para caçar pombos. O professor Anderson explicou que, durante o inverno no hemisfério norte, a alimentação para esses caçadores torna-se escassa, tornando a migração para o Brasil uma necessidade. A ave resgatada, provavelmente, percorreu uma rota de aproximadamente 10 mil quilômetros, com desvios que aumentaram a distância original. “Eles vêm para o Brasil em busca de alimentação, porque lá no hemisfério norte, durante o inverno, fica difícil eles se alimentarem”, explicou o especialista.
A possível soltura do falcão-peregrino será cuidadosamente planejada para garantir que ele possa realizar a migração de volta aos Estados Unidos com sucesso. O momento certo para a libertação será crucial para que o animal tenha tempo de se alimentar e sobreviver. “Se ela for solta, teria que ser no período que ela vai retornar para os Estados Unidos, porque senão eles perdem o tempo para chegar até lá, se alimentar e sobreviver”, concluiu o professor Anderson. O trabalho realizado no hospital reflete não apenas o empenho pela recuperação do animal, mas também a dedicação para garantir o sucesso da sua reintegração ao ambiente natural.
Fonte: Cães&Gatos
