Um veterinário de São Roque (SP), junto a um grupo de amigos, viajou mais de 1,1 mil quilômetros para ajudar a resgatar animais das enchentes do Rio Grande do Sul. O destino do grupo foi Canoas (RS), uma das cidades mais afetadas pela água dos rios que transbordaram após as cheias na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Comovido pelas imagens de animais ilhados e em situação de risco, o veterinário Fábio Solano contou que não poderia ficar inerte frente à tragedia
“Vendo tudo o que estava acontecendo comecei a me sentir muito mal. Eu estava no hospital veterinário sabendo que poderia ajudar e isso foi me incomodando, então decidi de última hora ir para lá” destaca o veterinário.
Solano reuniu voluntários, mas o grupo precisou desmarcar poucos dias antes da viagem. “O engraçado é que, no mesmo dia, recebi a ligação de um policial, amigo meu, que estava com muita vontade de ir. Outras pessoas entraram em contato comigo querendo ir também. Foram enviadas por Deus”, lembra.
O grupo saiu do interior de São Paulo em um van carregada com ração, medicamentos e cobertores para ajudar os animais.
“Formamos uma baita equipe em cima da hora. Saímos de São Roque eu, o motorista da van e um segurança que também é bombeiro e resgatista, aí passamos por Curitiba e pegamos outras duas pessoas para nos ajudar, além de um motorista do ônibus-hospital e de um biólogo, foi assim, uma equipe com desconhecidos para fazer o bem.”
Ajuda nos resgates
“Quando chegamos lá foi um choque, triste demais toda a situação. A maior parte da cidade debaixo d’água, muitas mortes e muitos animais perdidos. Caiu a ficha do quanto era importante a nossa ajuda”, relata o veterinário.
O trabalho, continua o morador, envolveu o resgates de animais, transferência e acomodação nos abrigos. “Uma equipe ficou responsável por resgatar os animais na água, eram muitos. Depois, entregavam os animais para a outra equipe responsável por ajudar nos abrigos.”
“Eram tantos [animais] que os abrigos lotaram, então montamos um outro abrigo que também lotou, 300 animais resgatados. Para conseguir ajudar outros animais consegui contato com uma ONG, e abrigamos mais 80 cães.”
Toda a equipe ajudou – e muito – nos resgates e na distribuição de aproximadamente 300 caixas de medicamentos veterinários. “Ficamos a maior parte do tempo em uma universidade, coordenando a parte de medicamentos, (…) conseguimos parceria com várias empresas e isso foi ótimo”, conta Solano.
“Sem contar a parte de devolver os animais para os tutores, a cada reencontro entre os animais e suas famílias eu chorava”, lembra.
Novas missões
Fábio Solano relata que apesar de toda a tristeza de presenciar a tragédia de perto, poder ajudar centenas de animais foi recompensador e importante para que ele pudesse repensar muitas coisas em sua vida.
“Ficamos um tempo abrigados na casa de um amigo que estava acolhendo mais duas famílias que perderam tudo. A estadia pelo sul me fez repensar muita coisa na minha vida, e nunca mais reclamar de coisas fúteis. É nessas horas que entendemos de verdade o que realmente importa.”
“A coisa está tão feia por lá que senti que não fiz nada, uma sensação estranha que tinha que fazer mais, mas infelizmente não tinha mais o que ser feito além do que já tínhamos feito. Mês que vem eu volto para continuar essa missão, sei que vai valer a pena e no final do dia é recompensador todo o esforço e trabalho realizado por lá”, finaliza.
Fonte: G1