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Veterinário de CCZ sacrifica cachorra com ferimento leve; vereador cobra Executivo

1 de junho de 2010
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O sacrifício de uma cachorra, com fraturas em uma das pernas, deixada no Canil Municipal de Piracicaba (SP) na terça-feira passada por homem que pediu para não ser identificado, causou indignação e levantou, novamente, a discussão sobre o atendimento e papel do Canil. O animal foi abandonado, junto com outros três, próximo a sua propriedade, no bairro Campestre, pelo motorista do caminhão de uma madeireira, que já teria sido identificada pela polícia. “Eu fiquei com os outros e levei aquele que estava com fratura para ser tratado no canil, não para ser eutasianado”, comentou à Gazeta. “Um funcionário (do canil), chegou a comentar comigo que cão naquelas condições não servia nada”, lamentou.

A pedido da Gazeta, a presidente da ONG (organização não governamental) Vira Lata Vira Vida, chegou a entrar em contato com a Zoonoses, na terça-feira, no final da tarde, para resgatar a cachorra e tratá-la, por meio das clínicas veterinárias com as quais a ONG mantém parceria. Como o expediente já havia sido encerrado, retornou na quarta-feira, quando foi informada de que o animal já havia sido sacrificado.

A cachorra permaneceu no canil por algumas horas, uma vez que chegou por volta das 11 horas e o expediente é encerrado às 16 horas. O Canil não forneceu à Gazeta nenhum exame que teria sido feito para constatar a sua real situação, como radiografia e exame de sangue, antes de sacrificá-la. Enviou para a redação, via fax, o relatório técnico com o histórico, relatando a chegada e as condições do animal. O relatório, assinado pelo médico veterinário Paulo d’Ávila, diz que, no caso apresentado, o tratamento indicado seria o cirúrgico e não medicamentoso, e optou-se para o procedimento de eutanásia do animal, na mesma data. Ele diz ainda que o CCZ não tem disponível a estrutura necessária para realizar cirurgias ortopédicas para a colocação de pinos, placas e para acompanhamento e tratamento pós-cirúrgicos diferenciados, além de a estrutura física atual fornecer o risco de infecções secundárias.

A presidente da ONG Vira Lata Vira Vida, Miriam Miranda, que na quinta-feira à noite, durante a sessão da Câmara de Vereadores, recebeu Moção de Aplausos pelo trabalho no abrigo, onde ficam 430 cães, mostra sua preocupação com relação ao medo que a população sente de enviar animais para o Canil Municipal. Segundo ela, diariamente a entidade recebe cerca de 15 ligações de pessoas solicitando para retirar animais da rua. Essas pessoas se recusam a chamar o Canil, apesar de ela fazer o encaminhamento, com medo de que o animal seja sacrificado. “É preciso mudar essa cultura”, insiste. Em sua opinião, deve existir o fortalecimento das entidades para que casos como este (de terça-feira) não ocorram novamente. “A ONG não tem como absorver a demanda que a população está nos colocando”, afirma. Ela pediu aos vereadores que o assunto seja tratado com a máxima de atenção.

A lei

O programa de Atendimento aos Animais Abandonados, Maltratados e Doentes foi instituído pela lei municipal 6.482, de 17 de junho de 2009, com o objetivo, segundo o artigo 2º, de “viabilizar campanhas de conscientização pública da necessidade de esterilização e vacinação, das questões referentes ao abandono, adoção e atendimentos dos animais maltratados e doentes.” A lei, observa do vereador, define a “responsabilidade civil e criminal como da Saúde, da Zoonoses”.

Pelo artigo terceiro, o município poderá celebrar convênios ou parcerias com clínicas veterinárias particulares, associações protetoras de animais, empresas pública ou privada em ações que visem à saúde dos animais. Essa parceria poderia evitar o sacrifício de animais, como o que ocorreu na terça-feira, mas, onze meses depois de sancionada, a lei, neste item, continua apenas no papel. O autor do projeto, Laércio Trevisan, cobra do Executivo o cumprimento da lei. “A questão dos animais é de saúde pública. Se o Canil não tem estrutura, por que não faz convênio com clínicas veterinárias? Não posso admitir que o Executivo destine R$ 235 mil para um time varzeano Luzitano Futebol Clube, conforme consta no Diário Oficial, página 4, do dia 5 de maio, e não se atente para esta questão”, ressalta. “É preciso que a prefeitura cumpra a lei na íntegra”.

Uma outra questão que levanta é sobre a reforma do Canil, iniciada em 2008, ainda não concluída. “O município recebeu R$ 534 mil do governo federal para a obra. Venho cobrando desde o ano passado o término das obras”.

O relatório

De acordo com o relatório técnico enviado para a Gazeta, o animal sacrificado foi recebido pelo médico veterinário que, “devido à gravidade da lesão, acolheria o animal, já que o sr. Dorival não se interessou em adotá-lo e custear o tratamento em uma clínica veterinária, pois no CCZ não seria realizada a cirurgia.”

O relatório diz ainda que o animal permaneceu deitado e na avaliação clínica, apresentou reflexos acentuados de dor quando apalpado na região da bacia, e o membro superior esquerdo apresentada desarticulado, sugerindo fratura, com lesões infectadas e edema. “Observada também a perda da forma anatômica do membro. O cão apresentava-se desnutrido, com mucosas pálidas, escoriações nas patas, alopecia nas regiões do abdômen e tronco.”

O relatório assinado pelo médico veterinário Paulo d’Ávila diz ainda que, no caso apresentado pelo cão, o tratamento indicado seria o cirúrgico e não medicamentoso e optou-se para o procedimento de eutanásia do animal, na mesma data. Está escrito ainda que “o CCZ não tem disponível a estrutura necessária para realizar cirurgias ortopédicas para a colocação de pinos, placas e para acompanhamento e tratamento pós-cirúrgicos diferenciados, além da estrutura física atual fornecer o risco de infecções secundárias.”

Fonte: Gazeta de Piracicaba

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