São Paulo, cidade que já foi símbolo de avanços em políticas progressistas no passado, tem recuado e parece estar dando muitos passos para trás. Depois de quase uma década sem rodeios, um projeto de lei quer trazer de volta a prática cruel que explora e expõe animais a um imenso sofrimento em nome do entretenimento.
A proposta da vereadora Zoe Martinez (PL-SP), de 25 anos, tem como objetivo revogar a proibição há décadas, uma conquista histórica dos ativistas pelos direitos animais e da sociedade civil. Se aprovada, a cidade voltaria a ser palco de cenas de dor e desespero para cavalos e touros submetidos a esporas afiadas, choques elétricos e confinamento extremo para que “se apresentem” diante do público.
Até o momento, o único vereador a se manifestar foi Toninho Vespoli (PSOL), que reafirmou sua posição contrária ao projeto. “Vou me posicionar firmemente contra essa proposta, seja no plenário ou nas redes sociais. O sofrimento animal não pode ser transformado em espetáculo”, declarou Vespoli, que também garantiu que votará contra a medida.
“A proposta da vereadora ignora um consenso crescente no mundo de que o bem-estar animal não é negociável. O argumento econômico, usado por ela para justificar o retrocesso e a violência, também não se sustenta. Em um mundo que avança em direção a práticas mais éticas e sustentáveis, insistir em rodeios é fechar os olhos para um futuro mais justo e harmônico para todo,” declarou indignada, Silvana Andrade, presidente da ANDA.
Sofrimento disfarçado de cultura
Para que um animal salte e se debata na arena, ele precisa sentir a dor das esporas, dos sedéns apertados na virilha. Antes de entrar na arena, os choques são parte de um sistema que força o touro a reagir por desespero. Muitos saem feridos, com fraturas, lesões na coluna ou até morrem. Fora do espetáculo cruel, a vida é de confinamento.
A alegação de que rodeios geram empregos ignora um ponto fundamental: não precisamos explorar e maltratar animais para movimentar a economia. Há inúmeras formas de crescimento econômico que respeitam a vida e refletem os valores de uma sociedade evoluída.
O argumento econômico para justificar os rodeios é falacioso e ultrapassado. O progresso não pode estar ancorado no sofrimento, na dor, na violência contra seres vivos. Precisamos de um modelo que celebre a vida em todas as suas formas.
São Paulo vai aceitar esse retrocesso?
A decisão dos rodeios em São Paulo foi uma conquista que refletiu o compromisso da cidade com a ética e o respeito aos animais. Agora, a proposta da vereadora Zoe Martinez ameaça reverter esse avanço, trazendo de volta a tortura como espetáculo, o lucro como objetivo.
Ver essa foto no Instagram