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Vereador-caubói pode ir à Justiça para ter rodeios em Guarulhos (SP)

29 de abril de 2011
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Quem imaginou que o acórdão que vetou a organização de rodeios por uma empresa de Cotia, publicado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) na semana passada, fosse esfriar os ânimos dos defensores da volta da modalidade às arenas de Guarulhos, pode começar a se preocupar.

O vereador-caubói Wagner Freitas (PR), autor de uma lei pró-rodeio, muito discutida nos bastidores da Câmara, não se intimida e promete a volta dos rodeios a Guarulhos em breve. “Mais da metade da Câmara (que hoje é contra) vai querer um ‘camarotinho’ para tomar ‘uisquinho’ (e acompanhar as provas). Eu te garanto”, diz em tom assertivo. As provas na cidade foram impedidas pela Lei 6.033/04, de autoria do vereador José Luiz Ferreira Guimarães (PT).

A despeito da fundamentação do desembargador da Câmara Especial de Meio Ambiente do TJ-SP, José Renato Nalini, em sua decisão de barrar eventos promovidos por Marcelo Chaddad Magoga, da organizadora de rodeios Doctor’s Ranch, em Cotia, Freitas afirma que não há embasamento científico que indique haver sofrimento de animais.

No acórdão, o desembargador destacou: “Aparentemente a humanidade regride. O homem do milênio, Francesco de Bernardone, que se tornou conhecido como Francisco de Assis, chamava todas as criaturas de irmãs. Em pleno século XXI, há quem se entusiasme a causar dor a seres vivos e se escude na legalidade formal para legitimar práticas cujo primitivismo é inegável”.

Freitas discorda e ataca o magistrado: “O cara (desembargador) é um desprovido de informação porque não existe prova científica de que (rodeio) cause dor ao animal”. O vereador ressalta que “existe uma lei federal (10.519/02) que regulamenta (os rodeios no país)” e que poderia ter entrado na Justiça contra a proibição imposta pela lei municipal.

“A Câmara aqui é inerte nesse assunto. Pode até fazer a lei, votou, provocou a discussão e a posição da Câmara é contrária. A Justiça me dá uma liminar a qualquer momento.” Em seguida pergunta para dar ele mesmo a resposta: “Por que não fez isso, Wagner? Porque eu quero submeter a Câmara a um julgamento”, disse.

O vereador Wagner Freitas iguala a violência dos rodeios à de esportes consagrados, como F1, futebol e boxe. Lembra do GP de Ímola (Itália), de 1994, quando um acidente causou a morte do piloto brasileiro Ayrton Senna e as várias mortes súbitas de jogadores e boxeadores no exercício da atividade. “É uma p…hipocrisia. Existe uma lei federal que regulamenta (tais esportes da mesma forma que o rodeio). Se a gente for fazer uma avaliação honesta não há o que se discutir.” Para Freitas, até os animais da Cavalaria da PM sofrem maus-tratos, pois ficam expostos a tumultos, trânsito, buzinas e agressões: “Você acha que isso não causa estresse ao animal? Eu chamo de idiota o cara que fica falando sem ver. Vai lá no rodeio ver como o animal é tratado. Vai lá na fazenda ver como o animal é transportado”, esbraveja.

Segundo ele, existe um estudo científico que demonstra que o ser humano projeta no animal as dores que sentiria. “É um sentimento chamado ‘antropomorfização’”, diz. Dá como exemplo a ordenha da vaca. De acordo com ele, o manuseio do animal para retirada do leite é feita com muita força. Se o mesmo movimento fosse feito em humanos, causaria dor, mas na vaca, afirma, não dói.

Do mesmo modo, garante, acontece aos cavalos nos rodeios. Indaga em tom de desafio: “Como você sabe que não maltrata o cachorro passar uma coleira no pescoço dele?”.

Além disso, assegura o vereador, o rodeio é tradicional em Guarulhos, pois existiam provas em algumas localidades, como no bairro de Bonsucesso. “Não se pode dizer que não há tradição da cidade.”

Fonte: Folha Metropolitana, por Ricardo Filho

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