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ONDA DE CALOR

Verão em agosto? Os 2 fatores que explicam as temperaturas chegando a 40ºC

23 de agosto de 2023
Maurício Businari
6 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

A onda de calor que se iniciou na segunda-feira (21) em grande parte do país, deve se estender nos próximos dias e provocar temperaturas atípicas, excepcionalmente altas para esta época do ano. Meteorologistas afirmam que os efeitos do aquecimento global, somados ao fenômeno El Niño, potencializam o calor.

Segundo o meteorologista Mamed Melo, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), na estação de inverno, para o nosso país, é normal por conta da ausência das chuvas uma massa de ar seca se formar na grande área central do Brasil e ir se intensificando até o início da próxima estação chuvosa.

“Atualmente, estamos passando pelo aquecimento global e pelo fenômeno El Niño, que potencializam o aumento da temperatura”, declara o especialista. O El Niño é um fenômeno natural caracterizado pelo aquecimento acima do comum das águas do Oceano Pacífico equatorial.

Em anos anteriores já houve meses de agosto mais quentes: em 2016, também sob o El Niño ocorreu, Caxias, no Maranhão, teve a maior temperatura registrada no Brasil, de 41,9ºC.

Segundo ele, há alguns estados com áreas mais propícias ao registro de temperaturas com chances de ultrapassar os 40ºC ao longo desta semana:

  • Piauí
  • Maranhão
  • Tocantins
  • Bahia
  • Goiás
  • Mato Grosso
  • Mato Grosso do Sul
  • São Paulo
  • Rio de Janeiro

Na opinião do especialista, é difícil dizer se o aumento de temperatura no inverno é considerado comum. Segundo ele, esse tipo de análise é muito relativa, pois tudo dependerá dos sistemas meteorológicos que estão atuando naquele momento.

“Por exemplo, na aproximação de uma frente fria, é normal a temperatura se elevar e, após a sua passagem, também é normal a temperatura cair. Com os efeitos do aquecimento global e, ao mesmo tempo, o El Niño, a elevação da temperatura será potencializada.” – Mamed Melo

Acima do normal

No estado de São Paulo e em grande parte do Brasil, a temperatura em agosto tem estado acima do normal, segundo Josélia Pegorim, meteorologista da Climatempo.

Tomando como exemplo a cidade de São Paulo, a média das temperaturas máximas de 1° a 22 de agosto registradas na estação meteorológica do Mirante de Santana, na zona norte da capital, foi de 27,0°C, valor que está 2,5°C acima da média normal para temperatura máxima em agosto que é de 24,5°C. A média das temperaturas mínimas de 1 a 22 de agosto foi de 15,7°C e ficou 2,4°C acima da média normal de temperatura mínima para agosto que é de 13,3°C.

“Estes valores são preliminares e vão se ajustar para baixo porque teremos queda acentuada da temperatura entre a sexta e o domingo, após passagem de uma frente fria. Mesmo assim, a tendência é de que agosto de 2023 termine mais quente do que o normal”, explica a especialista.

Ondas de calor são observadas quase todos os anos no Brasil, mas, em geral, ocorrem na primavera. Os meses de setembro e outubro são muito propícios a isso, porque a chuva ainda não ocorre com bastante frequência e ainda temos uma insolação muito grande. O número de horas de sol diminui durante o verão, porque temos muita nebulosidade e em muitos dias a chuva acontece cedo, logo nas primeiras horas da tarde.

Agosto é um mês muito quente no Centro-Norte do país. A média da temperatura máxima para agosto é a segunda ou terceira maior do ano em estados como Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Maranhão, Piauí e Pará. Pode-se dizer, segundo Josélia, que no centro norte do país é comum fazer calor nesta época do ano.

“O que está bastante fora do normal são as temperaturas muito elevadas que estamos observando em São Paulo e outras áreas da região sudeste e também na região Sul. Globalmente estamos observando oceanos mais quentes e os oceanos são como o reservatório de calor. Oceanos mais quentes refletem numa atmosfera também mais quente. Mais um peso muito grande nesse calor do nosso inverno de 2023 está relacionado com o fenômeno El Nino que está em desenvolvimento no Oceano Pacífico equatorial, na altura da costa do Peru”, esclarece Josélia.

O El Niño é caracterizado por um aquecimento acima do normal das águas do Oceano Pacífico equatorial, entre o Peru e a Indonésia. Esse aquecimento atípico no Pacífico equatorial altera a circulação de ventos em vários níveis da atmosfera sobre a América do Sul.

O resultado é que nós temos modificações no caminho natural das frentes frias. Isso quer dizer que o ar polar que vem com essas frentes frias não está tendo uma trajetória normal, como se deveria observar ao longo do inverno.Josélia Pegorim

Recorde em 80 anos

Nesta quarta-feira, São Paulo continua sem chuva, com muito sol e umidade do ar baixa, e poderá registrar a mais alta temperatura de 2023, até agora, com previsão de 34°C. O recorde de calor atual é de 32,5°C, em 16 de janeiro.

34°C é uma temperatura muito acima do normal para agosto na cidade de São Paulo, quase 10°C acima da média histórica de temperatura máxima para agosto, que é de 24,5°C.

“Se a previsão de 34°C se confirmar, esta quarta-feira passará a ser o dia mais quente de agosto já sentido na cidade de São Paulo em 80 anos”, afirma Josélia.

Além disso, o mês de agosto de 2023 é candidato a ser um dos 10 ou 15 meses de agosto mais quentes já observados na cidade de São Paulo desde 1961.

“O aumento da frequência da intensidade de ondas de calor pelo mundo tem sido uma das maiores preocupações e alertas da Organização Meteorológica Mundial e da Organização Mundial da Saúde. Ondas de calor causam mais mortes e aumentam o risco de incêndios florestais e agravam quadros de seca”, diz Josélia.

“No Brasil é muito provável que ainda tenhamos ondas de calor em setembro e outubro, e mais fortes do que essa que estamos observando agora em agosto. Além de serem meses naturalmente mais quentes, o fenômeno é El Niño estará ainda mais forte e tendo maior influência ainda sobre o clima no Brasil.”

Fonte: UOL

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