Mais de 150 fotógrafos de vida selvagem estão participando de uma venda de quadros de fotos de animais selvagens visando arrecadas dinheiro para a African Parks, uma ONG de conservação sediada na África do Sul. Em 2020, a primeira venda da Prints for Wildlife arrecadou US$ 660.200 (Aproximadamente R$ 3.375.000), com mais de 6.500 fotos impressas vendidas em 30 dias.
A iniciativa, fundada por dois fotógrafos Pie Aerts, dos Países Baixos, e a austríaca Marion Payr, pretende arrecadar US$ 1 milhão este ano. As fotos impressas estarão à venda através da loja online printsforwildlife.org até 11 de agosto.
Ao lado de alguns dos mais respeitados fotógrafos de vida selvagem do mundo, como Greg du Toit, Beverly Joubert, Suzi Eszterhas, David Lloyd e Steve Winter, a venda também conta com talentos emergentes de nações em desenvolvimento, com o objetivo de promover maior diversidade entre os fotógrafos do ramo.
O dinheiro arrecadado servirá de apoio para a organização African Parks, que administra 19 parques, abrangendo 14,7 milhões de hectares, em 11 países em nome dos governos da África, em benefício das comunidades locais e da vida selvagem.
“Os esforços de conservação já estavam em crise antes da pandemia e continuam em estado crítico durante esses tempos sem precedentes”, diz Andrea Heydlauff, diretora de marketing da African Parks.
“Ao proteger os parques da África, estamos protegendo ecossistemas em funcionamento, fornecendo refúgio seguro para algumas das espécies mais ameaçadas do mundo e apoiando centenas de milhares de pessoas através do emprego, melhores meios de subsistência, segurança alimentar, educação e saúde.”
Aqui, cinco fotógrafos compartilham a história por trás de suas imagens.
Will Burrard-Lucas – ‘os filhotes se aproximaram curiosamente’
Passei o primeiro confinamento de 2020 redesenhando e reconstruindo minha câmera fixada em um buggy de controle remoto, conhecido como BeetleCam, e no final do ano passado eu levei o equipamento para o Quênia. Meu objetivo era começar um novo projeto de longo prazo fotografando os leões da Mara North Conservancy no Quênia
Apresentei a prole de leõezinhos do Serian à minha BeetleCam durante um período de várias semanas. As leoas aprenderam a ignorar completamente o buggy, mas com os filhotes a história era diferente. Eles permaneceram muito brincalhões e várias vezes se aproximavam para rosnar para a câmera ou tentar esgueirar-se por trás dela e derrubá-la. Esta imagem é de um encontro inicial, quando os filhotes se aproximaram curiosamente através da grama crescida da estação chuvosa.
Desde que comecei este projeto, aprendi que todos os leões do Maasai Mara estão ameaçados pelo conflito entre humanos e a preservação da vida selvagem. Isso ocorre frequentemente quando leões matam gado nos arredores de áreas de preservação e são envenenados em retaliação. Estima-se que restem apenas cerca de 20.000 leões na natureza, que representam menos de 5% da antiga gama da espécie.
Jono Allen – ‘esta imagem foi tirada em um só fôlego’
A fotografia que fiz para a Prints For Wildlife é de uma Jubarte mãe com o seu filhote, iniciando sua enorme jornada das águas tropicais de Tonga até as águas geladas da Antártica. Esta imagem foi tirada durante um único fôlego, enquanto fazia mergulho livre (sem utilização de equipamento com oxigênio) na região externa da pequena cadeia de ilhas de Vava’u em Tonga, onde as baleias se reúnem todos os anos para acasalar e dar à luz.
É impossível realmente entender essas criaturas incríveis até que você tenha estado na água com elas. Minha percepção nunca mais será a mesma. Uma amiga, ótima bióloga, estuda jubartes há mais de 10 anos. Ela viu milhares de baleias durante seus anos de trabalho. Nadamos com essas duas baleias juntos e minutos depois de estar cara a cara com elas ela foi às lágrimas.
Esta imagem é importante para mim porque a jubarte é uma das maiores cases de conservação do nosso tempo. Durante a era de caça às baleias, elas estavam próximas da extinção, mas graças aos esforços de proteção e conservação, elas estão agora de volta aos seus números originais.
Apoiar os esforços de conservação de organizações como os African Parks é vital. Se não fosse por tais organizações, estaríamos vivendo em um mundo sem essas duas belas baleias jubarte.
Tami Walker – ‘brincando na água’
Aqui estão dois elefantes brincando na água em um grande poço no lado sudeste do parque nacional Hwange, no Zimbábue. Os elefantes pareciam estar aproveitando cada momento: brincando, espirrando água, subindo uns nos outros e submergindo novamente. Vários outros elefantes e rebanhos de outros animais vieram beber no poço, mas nada distraiu esses dois de sua diversão e brincadeiras.
Durante meus anos fotografando a vida selvagem, percebi o quanto os animais estão em equilíbrio com a ordem natural das coisas, com seu entorno e os ciclos naturais em que sobrevivem e prosperam, e o quanto a humanidade tem exercido um efeito negativo sobre esse equilíbrio. Eu entendi o quão vital é a vida selvagem para o bem-estar e a continuidade de nossa grande herança africana. O impacto do avanço humano e da pressão sobre essas áreas selvagens é um desafio para a minha geração e para aqueles que estão por vir.
Nili Gudhka – ‘aproveitando o sol’
Pouco antes do nascer do sol, na reserva nacional Maasai Mara do Quênia, encontramos uma mãe guepardo com dois filhotes que tinham cerca de três meses de idade. Os filhotes ficaram muito brincalhões à medida que o sol subia e ficava mais quente. Enquanto a mãe sondava a área em busca de alimentos, os dois filhotes encontraram uma pequena árvore. Um dos filhotes subiu no topo e sentou-se confortavelmente, aproveitando o sol.
O guepardo é o felino de grande porte mais ameaçado da África. No século XIX, havia 100.000 guepardos vivendo na natureza e hoje há apenas cerca de 7.000. Isso se deve ao conflito entre humanos e animais selvagem, perda de habitat, mudanças climáticas e, para mim, a questão mais horrível, que é o tráfico de filhotes. Tendo passado incontáveis horas com esses belos felinos, desenvolvi um apego emocional à espécie e espero que meu trabalho seja um meio de defender e conservar sua existência.
Ketan Khambhatta – ‘deixando uma nuvem de poeira’
Tirei esta foto em um dos pontos de travessia do rio no Triângulo de Mara, durante a grande migração dos gnus e das zebras. Eu estava esperando em nosso veículo até que os rebanhos de gnus atravessassem o rio e observei as zebras lentamente se movendo em frente para verificar se havia crocodilos nas águas. Mas enquanto as zebras ainda estavam checando a área, os gnus começaram a correr e pular no rio, deixando uma nuvem de poeira e criando um momento dramático que eu pensei que daria uma ótima foto.
Estar na selva aumentou minha compaixão pela vida selvagem. O que ficou evidente durante minhas viagens fotográficas é a ameaça que muitos animais enfrentam por várias razões, como perda de habitat, caça furtiva e mudanças climáticas.