Enquanto a ginasta norte-americana Simone Biles deu um péssimo exemplo exibindo uma bolsa feita de couro de crocodilo nas ruas de Paris, outra ginasta, igualmente talentosa, está inspirando negativamente seus fãs e seguidores. A italiana Alice D’Amato, vencedora de uma medalha de ouro, usou suas redes sociais para compartilhar uma viagem para Bangkok e entre os cliques haviam registros de passeios de elefante e da exploração de macacos fantasiados.
A exploração de elefantes para passeios turísticos na Tailândia é uma prática cruel que expõe a face mais sombria da indústria do turismo. Por trás das imagens idílicas de turistas sorridentes montados em elefantes, esconde-se uma realidade de maus-tratos e sofrimento que não pode ser ignorada.
Os elefantes não nascem dóceis e prontos para obedecer ordens humanas. Para que possam carregar turistas em passeios exaustivos sob o sol escaldante, esses majestosos animais são submetidos a um treinamento brutal conhecido como “phajaan” ou “quebra do espírito”. Desde filhotes, eles são arrancados de suas mães e mantidos em cativeiro, onde passam por um processo de domesticação que inclui espancamentos, privação de comida e água, além de confinamento em espaços minúsculos. Essa tortura física e psicológica visa submeter o animal, quebrando sua vontade e transformando-o em uma máquina obediente para entreter turistas desinformados.
A rotina desses elefantes em cativeiro é desumana. Carregar pessoas por longas horas, dia após dia, causa graves problemas de saúde, como lesões nas costas e articulações. Além disso, a falta de cuidados veterinários adequados e a ausência de condições mínimas de bem-estar agravam ainda mais o sofrimento desses animais. O isolamento social é outro fator devastador, pois elefantes são seres extremamente sociáveis e inteligentes, que na natureza vivem em grupos familiares complexos. No entanto, em cativeiro, são frequentemente mantidos sozinhos, privados de qualquer interação significativa.
O turismo, infelizmente, é o principal motor que alimenta essa indústria cruel. Milhares de turistas, na ânsia de vivenciar uma “experiência autêntica”, acabam financiando o ciclo de abuso. Eles desconhecem, ou escolhem ignorar, o fato de que, ao pagar por um passeio de elefante, estão diretamente contribuindo para a perpetuação do sofrimento desses animais. Cada ingresso comprado é um incentivo para que mais elefantes sejam capturados, treinados de forma brutal e condenados a uma vida de miséria.
D’Amato, de 21 anos, tem uma incrível carreira na ginástica. Ela ganhou campeonatos europeus, mundiais e superou lesões. É uma inspiração para muitos jovens que sonham em ser atletas, mas precisa entender que toda essa visibilidade carrega muitas responsabilidades, como não estimular práticas exploratórias e não banalizar o sofrimento de seres indefesos.