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Vegetarianismo: uma dieta ou uma opção de vida?

28 de outubro de 2011
6 min. de leitura
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Por  Pedro Dal Castel  (13 anos)

Quando falamos de vegetarianismo, pensamos numa dieta seguida em rigorosas questões de saúde.
Mas muitos não veem o outro lado da moeda, onde a ética está estampada.

A Ética

Se precisas matar para viver, a Ética está perdida, pois abateu-se junto com a vida.

Se uma pessoa se torna vegetariana buscando saúde corporal, essa pessoa não radicalizará o vegetarianismo, ou seja, diminuirá a carne e substituirá a carne vermelha pela branca. Porém, se a pessoa se tornar vegetariana por questões éticas, ela não consumirá nenhum produto de origem animal. Assim dizemos que essa pessoa está se preocupando com o próximo (no caso, o animal), e não consigo mesma. Uma pessoa que é vegetariana por saúde visa aos benefícios em seu favor.

Pirâmide alimentar. Criada no séc. XX.

Com base nisso, o termo “vegetarianismo” deve ser dividido em “ética vegetariana” e “dieta vegetariana”, pois os dois são diferentes. “Ética vegetariana” é adotar o vegetarianismo como modo de vida, não como dieta. Mas há um jeito de ver o vegetarianismo em benefício às pessoas sem entrar na saúde e na ética: uma pesquisa apontou que a ausência da carne em nossos pratos pode acabar com a fome do planeta. Descobriu-se que um boi necessita de três a quatro hectares de terra para a produção de 200g de carne num período de cinco anos, sendo que, se usássemos esses hectares para o plantio de cereais como soja, obteríamos 96 toneladas ao ano e, se o plantio fosse de milho, obteríamos 102 toneladas ao ano. Sem contar a energia gasta com a conservação da carne, os desmatamentos e as doenças causadas e transmitidas por ela.

As vantagens econômicas e de saúde do vegetarianismo são vistas como importantes, porém a parte ética é muitas vezes confundida com “frescura” de achar que uma vida animal vale menos do que uma vida humana, quando a natureza trata as duas vidas com o mesmo valor.

Algumas religiões, de modo geral, pecam quando dizem que os animais não são filhos de Deus apenas porque não são batizados, outras oferecem os animais em sacrifício aos espíritos, como se os espíritos precisassem de carne. Contradizendo todas, o profeta Isaías na Bíblia, (Is. 11) descreve “O reinado pacífico do rebanho de Jessé”, defendendo uma perfeita relação entre homens, animais e plantas, em que a morte e a violência não terão mais lugar.

A dieta

“Faça do teu alimento o teu medicamento.” – Hipócrates

Para tornarmo-nos vegetarianos, não podemos simplesmente tirar a carne do prato, e sim, substituí-la; verduras, leguminosas, oleaginosas e outras estão aí para fazer o papel da carne. Alimentos industrializados e as carnes são responsáveis por muitas doenças, como hipertensão, problemas cardíacos, cânceres (principalmente no aparelho digestivo e no coração), derrames, obesidade, entre outras. Com uma boa nutrição, prevenimos muitas doenças assim como podemos nos livrar delas. Os mitos contra a dieta vegetariana são frequentes, por isso muitos não largam a carne. As pesquisas em favor ao vegetarianismo já contestam os mitos, dando segurança para os vegetarianos seguirem a dieta.

Mitos

– As proteínas animais são melhores e mais completas do que as proteínas vegetais.
Depende. A qualidade e a quantidade da proteína dos alimentos variam. Alguns vegetais podem ter mais, menos, ou a mesma quantidade de proteínas em relação à carne, assim como a qualidade da proteína da carne pode ser melhor, pior, ou igual em relação à proteína do vegetal.

– A digestão da carne é mais rápida do que a digestão de vegetais.
Pelo contrário. Como a carne possui mais carboidratos e gorduras, sua digestão pode levar mais de horas.

– A carne possui aminoácidos e a vitamina B12 que os vegetais não possuem.
Alguns vegetais podem não possuir todos os aminoácidos, mas com uma salada bem colorida, nós obtê-los por completo. E a vitamina B12 é encontrada em vegetais com folhas escuras.

– Mulheres grávidas não podem tornar-se vegetarianas.
O mais apropriado para elas é deixar a carne. Grávidas podem, também, ser veganas (dieta sem carne nem derivados) sem nenhuma preocupação.

Alimentação no século XX

Antigamente a alimentação era mais saudável, por não existirem muitos agrotóxicos e comida industrializada. A carne era menos consumida por não haver conservação, a não ser salgando-a, mas, como o sal era caro, muitos deixavam a carne de lado.

O conhecimento sobre nutrição era muito precário, mas foi a partir do séc. XX que estudiosos começaram a estudar sobre o tema. Os estudos foram iniciados com a descoberta da semelhança da composição dos alimentos com os seres humanos. Assim notou-se a importância de certos alimentos para o nosso corpo. Desde então surgiu a formação para nutricionistas e a pirâmide alimentar.

Você sabia?

A farinha integral é mais barata do que a branca. O pão integral só é mais caro, pois, além de possuir muitos grãos, se precisa de mais farinha para fazê-lo e seu preparo é mais difícil, aumentando seu preço.

A linhaça é uma das maiores aliadas no combate à anemia e auxilia em problemas intestinais. Cientistas descobriram que a linhaça é o alimento mais rico em Ômega 3 na natureza.

O melado é mais saudável do que o mel por conter maior quantidade de cálcio e ferro. É uma saudável alternativa aos veganos.

Entrevista com o Dr. George Guimarães – Nutricionista especializado em dietas vegetarianas:

– Qual é a diferença entre a proteína animal e a vegetal? Se tiver: como podemos substituí-la?

As proteínas são formadas por aminoácidos. As proteínas animais e vegetais são formadas por aminoácidos diferentes, mas muitos são comuns às duas. Todos os aminoácidos que são essenciais ao organismo humano, ou seja, aqueles que não podem faltar na alimentação, podem ser encontrados nas proteínas vegetais.

-A proteína animal é vital?

Uma vez que os aminoácidos essenciais podem ser encontrados nas proteínas vegetais, não há motivo para afirmar que as proteínas animais são vitais.

– Quando os animais (desde herbívoros até onívoros) ficam com dores de barriga ou outro problema, eles buscam comer gramíneas. Baseado nisso, podemos dizer que animais carnívoros podem virar animais herbívoros?

Não exatamente. Alguns animais não podem ficar sem as proteínas da carne. Isso porque, diferente dos humanos, alguns deles dependem de aminoácidos que só podem ser encontrados nas proteínas animais.

A carne é essencial para o desenvolvimento do cérebro e para o crescimento de crianças?

Não há na carne qualquer substância que seja essencial ao desenvolvimento do cérebro, tanto é que existem muitas culturas que são vegetarianas há gerações e mesmo na nossa cultura há pessoas que são vegetarianas há gerações e estas apresentam desenvolvimento normal.

– A dieta deve ser mais valorizada do que a ética?

Não se trata de escolher entre uma coisa ou a outra. A dieta pode ser saudável e ao mesmo tempo ética. A ideia de que para se ter uma dieta vegetariana é preciso se provar de algum nutriente e assim prejudicar a saúde é uma ideia ultrapassada. Hoje o que se discute são os motivos pelos quais a dieta vegetariana é mais saudável.

Fontes

http://www.svb.org.br/depmednutricao/pdfs/Proteinas.pdf
http://www.mundodastribos.com/proteina-vegetal-onde-encontrar.html
http://www.saudeintegral.com/artigos/onde-encontrar-a-proteina-vegetal.html
http://www.copacabanarunners.net/proteina.html
http://www.cienciaviva.org.br/arquivo/cdebate/003nutricao/historia.html
http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/index.php?option=com_content&task=view&id=299&Itemid=32
http://jpn.icicom.up.pt/2008/06/16/vegetarianismo_oito_mitos_explicados.html
George Guimarães (nutricionista)
Revista dos Vegetarianos (agosto 2010)
Familiares

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