Por Sophie Peyrard
Tradução por Brenda Buschle (da Redação – Europa)
Sobre variedade de escândalos alimentares, preocupações sanitárias e aquecimento global, o vegetarianismo sai da sombra e interessa cada vez mais aos curiosos que refletem sobre o que há em seus pratos.
Não se esperava que a revolução vegetariana chegasse aos salões literários e, portanto, com seu ensaio “É necessário come carne?” [do inglês “Eating Animals”], Jonathan Safran Foer trouxe à tona a discussão. Esse jovem prodígio da literatura americana, autor de outros dois romances aclamados pela crítica, fez uma verdadeira pesquisa nas fazendas industriais mas também se auto indagou sobre sua opinião pessoal sobre a alimentação e de nossa sociedade sobre os animais. Resultado? Um livro chocante, já um best seller nos Estados Unidos, Alemanha e Itália.
Relatando o inferno das fazendas-usinas – você fica sabendo dos detalhes sobre o tamanho das gaiolas de frangos, do maltrato às vacas ou dos riscos sanitários -, o autor nos faz refletir sobre o que há em nossos pratos. E também a Arte [rede de TV Franco-Alemã] reforça o choque com o documentário “Notre Poison Quotidien” [Nosso Veneno Cotidiano] (lançamento do livro de mesmo nome e do DVD dia 24 de março). Após “Le Monde Selon Monsanto” [O Mundo Segundo a Monsanto], a jornalista mostra de maneira implacável “como a indústria química envenena nossos pratos”.
Com essa exposição midiática, parece difícil permanecer indiferente. Se cada vez mais as pessoas preferem a opção orgânica, a idéia de não mais consumir carne também começa a aumentar. O que é necessário para se preservar a saúde ou recuperar-se de uma doença, por consciência ecológica, humanitária, ou pela recusa do sofrimento animal, são cada vez mais numerosos os que reduzem o consumo de carne ou que escolhem correntemente o vegetarianismo.
Para lembrar, o vegetariano não come nenhuma carne animal, nem de gado, nem de frango ou peixe. No entanto, consome os produtos que são fornecidos por animais, como o leite, ovos, iogurtes, manteiga, etc. O vegetariano estrito (?) não consome nem carne, nem subprodutos animais. Enfim, o termo inglês “vegan” designa um vegetariano estrito que proscreve todo produto de origem animal (couro, lã…) ou testado em animais. Ser vegano então não se limita à alimentação, mas diz respeito a um modo de vida.
O exemplo Anglo-Saxão
Se os vegetarianos têm uma imagem um pouco austera em nosso país, isso está um pouco melhor nos nossos vizinhos do outro lado do canal da Mancha. Paul McCartney e sua filha Stella, estilista, fazem parte da iniciativa da campanha Meat Free Monday [segunda-feira sem carne]. “Muitas pessoas se sentem inúteis em frente de problemas ambientais. Não comer carne um dia por semana é uma pequena mudança que gera grandes efeitos”, explica o Beatle em seu site.
Lembremos que, segundo um relatório das Nações Unidas, a indústria da carne é a décima emitente de gás do efeito estufa no mundo, logo atrás da indústria de energia. Penélope Cruz, Lenny Kravitz, Cameron Diaz, Brad Pitt, ou Natalie Portman, já são incontáveis as estrelas que declaram seu vegetarianismo. Com o compromisso dessas celebridades, ser vegetariano dá um status às pessoas “cool” nos Estados Unidos.
Se a imagem do vegetariano está mudando, os clichês também perdem força. “Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a alimentação vegetariana é rica, colorida e cheia de gosto”, nos afirma Aurélia, da Associação Vegetariana da França. Para começar, como substitutos da proteína animal, encontramos numerosos produtos vegetais, como a soja, o tempeh (a base de soja fermentada), ou o seitan (a base de glúten). Entre os cereais, a mesma riqueza: além do arroz e do trigo, existe o bulgur, a quinoa, ou ainda o painço.
Receitas fáceis
As leguminosas são muito variadas, com o grão de bico, lentilhas, lentilhas verdes, ervilhas, feijão branco ou preto. Junte à lista as nozes, avelãs, semente de abóbora, semente de gergelim e todos os tipos de brotos e verá que a cozinha vegetariana é cheia de recursos. Graças a lojas e setores orgânicos que aumentam, por todo lugar, esses produtos estão mais acessíveis e nos parecem menos “exóticos” que há alguns anos.
Então, como proceder se está tentado à aventura vegetariana? Como explica o kit do vegetariano iniciante, que pode ser baixado gratuitamente pelo site www.vegetarisme.fr, geral são saladas, sopas de legumes ou massas com molhos de legumes. Podemos também escolher três receitas que preparamos frequentemente e que podem ser facilmente adaptadas para tornarem-se pratos vegetarianos. O chili com carne, por exemplo, pode ser feito com os mesmos ingredientes: basta substituir a carne por proteínas vegetais de soja ou de trigo.
Encontramos hoje em dia toda variedade de tofus, de salsichas vegetais que imitam perfeitamente a carne. Efim, podemos testar receitas de livros ou blogs de cozinha vegetariana para encontrar receitas fáceis e a gosto. Com mínimas mudanças pode-se ter nove pratos vegetarianos possíveis, o que corresponde à média de pratos cozinhados por uma família. “A cozinha vegetariana é muito criativa, ela permite aumentar sua variedade de gostos e descobrir produtos pouco utilizados e bons para a saúde, assegura Aurélia.
E se você consegue mais frequentemente não comer carne, mas come ocasionalmente um hambúrguer ou um bife, pode ser que você faça parte da nova “tribo” que os ingleses chamam de “flexetarians”, os vegetarianos em tempo parcial.
Alguns restaurantes vegetarianos em Paris:
– Bob’s Kitchen, rue des Gravilliers, 74 www.bobsjuicebar.com
– Le Grenier de Notre-Dame, rue de la Bucherie, 18 www.legreniernotredame.fr
– Pousse-Pousse, rue Notre-Dame de Lorette, 7 www.poussepousse.eu
– Tien Hiang, rue Bichat, 14 www.tien-hiang.fr
– Soya, rue PierreLevée, 20 www.soya75.fr
As informações são da revista A Nous – Paris.