EnglishEspañolPortuguês

Veganos ganham cada dia mais espaço na Argentina

7 de agosto de 2010
3 min. de leitura
A-
A+

Por Danielle Bohnen (da Redação – Argentina)

Jonathan, 23 anos, vegano. Foto: Reprodução/ S!

“Vegan é straight-edge”. Esta é a frase que decora as paredes do centro de Buenos Aires, que amanhecem pintadas com essa declaração, depois de um “exército” estampar seus estênceis e aerossóis com a frase.

Veganos são vegetarianos estritos, ou seja, não usam roupas de couro ou pele de animal, lutam para defender todos os seres vivos. Ali, onde um mito do rock retalhou franguinhos no palco durante o show, outro gênero musical jovem, munido de argumentos para salvá-los do pisoteio, surge: o hardcore. “Aos 16 anos, escutava bandas como Sudarshana e Nueva Etica, e enquanto comia uma ‘carne ao forno’, que minha mãe havia preparado e ouvia as letras, me senti mal. Senti tanto nojo que não pude continuar”, lembra Jonathan Bielous, 23 anos, sobre  a epifania dequele meio-dia, quando se converteu em militante vegano.

Já nos anos 80, grupos como Minor Threat e Youth of Today propunham a desintoxicação dos excessos sexuais, etílicos e alimentares do rock. Vinte e cinco anos depois, os veganos aproveitam o guru Rick Rubin, produtor do Red Hot Chilli Peppers e AC/DC, como porta-voz da cifra escandalizadora: no mundo, são mortos 56 milhões de animais por ano para servirem de alimento.

A  Men’s Health lançou um aplicativo para o IPhone chamada “Come isto, não aquilo”, que privilegia os cereais em lugar do que a revista norte-americana Details batiza como “Paleo” (ocorrências fossilíferas) do carnívoro, porque seu menu se ajusta à máxima do homem das cavernas: Se não pode caçá-lo, não pode comê-lo”.

A “guerra” entre os veganos e os carnívoros pode ser um sintoma da mudança do paradigma econômico nacional, do modelo agroexportador à superpotência da soja: o consumo de carne baixou 16,7% no último ano e passou de 68 quilos em 2009 a 56,7 quilos por habitante nesta temporada.

Juan, 24 anos, carnívoro

“É ótimo saber o que estamos comendo”, diz Jonathan a Juan Tacconi, 24 anos, um carnívoro típico que come um hambúrguer de dois andares. Para este, é a pura lógica darwiniana: se os dentes são uma evidência evolucionista de que nascemos para morder carne, os veganos apelam para a sensibilidade do ser. “O homem está preparado para comer de tudo, mas é o único que tem opções éticas”, argumenta Ana María Aboglio, da Fundação Anima e autora do livro Veganismo, prática de justiça e igualdade (em tradução livre): “Estamos sendo geradores de sofrimento e morte por conveniência, costume e prazer”.

Jonathan se anima em desmentir a fama de desnutrido do vegetariano. “Em um treinamento intenso, deveria agregar-se um suplemento de proteínas que não seja láctea ou derivada do ovo”, diz Pablo Williams, licenciado em Educação Física. Para os militantes, inspirados pela antiga consigna punk: “o consumo te consome!”, a guerra começa: “O veganismo é uma atitude ética de não considerar os animais como objetos”, resume Ana María e defende: “os tiramos do prato, do banheiro, do guarda-roupas”.

Com informações da S!

Você viu?

Ir para o topo