Uma das frases mais simples e admiráveis está no movimento punk: faça você mesmo. Não espere por ninguém. Não siga, não seja mais um. Invente, se não houver alternativas ao seu redor. Se estende para além da música. Não seja como aqueles que se deixam influenciar por qualquer suspiro e seguem a corrente, manipulados até os ossos.
Quando trabalhamos com a educação e direitos animais, é comum ouvirmos que somos fanáticos religiosos. Nascemos com a imposição de comer carne, mas temos que ouvir que estamos ‘impondo um modo de alimentação’.
O caso é que, como as perguntas são sempre as mesmas, as respostas acabam sendo sempre as mesmas e claro, há respostas para quem pergunta e argumento, se é o caso de precisar. Até mesmo a ciência que se considera isenta, tem lá seus dogmas, sobretudo os que nós tentamos derrubar. Como, por exemplo, a vivissecção, método ultrapassado, segue sendo defendido ferrenhamente por cientistas obsecados. Cada movimento pode ter seus fanáticos, seus loucos e os que tentam, através do convencimento, motivar pessoas e trazê-las para sua ideia.
Nossa iniciativa, no entanto, não é convencer, é ser. Através da informação, se o sujeito adulto não tomar consciência de tudo o que o cerca, não somos nós que iremos o submeter. A sociedade por demais já o submete.
A motivação aqui é ética e a motivação religiosa é outra. Por isso religião tenta convencer. Cada religião convence para seu dogma, independente dele ser coerente ou conectado com a prática. E, cá para nós, “É necessário mesmo pedir perdão?”. A pessoa motivada por ética não precisa convencer. O outro é que se contradiz nas próprias palavras. Nunca precisei dessa técnica, e acho que é isso que irrita muita gente…. Os vivisseccionistas saem da sala nos debates, se alteram visivelmente, e isso sim é um comportamento muito semelhante a quem tenta convencer pelo fanatismo.
Justamente na ciência, onde eles poderiam descobrir novas alternativas, além das que existem e evitam usar, para o já ultrapassado modelo animal.
O fato de eu não ser perfeita também não é o que faz uma pessoa se tornar vegana. Uma pessoa se torna vegana por que leu a respeito, por alteridade, por respeito ao outro, por uma série de fatores que vai além da pessoa que lhe transmitiu a informação.
Portanto, se uma pessoa deixou de ser vegana por que leu um artigo, por que não ‘concordou’ com uma ideia minha ou de qualquer outrém, é por que precisa amadurecer para o fato de que o veganismo não está nas pessoas, está em algo maior que isso. Todos que conheci que se tornaram veganos, o fizeram por si mesmos. Alguém pode ter feito a conexão, mas depois desta ligação, o voo é livre.
E, lembrando, estamos falando aqui de adultos. Quem deixa de ser vegano pela opinião de alguém, é por que não está bem certo do que deseja ou não consegue afirmar-se perante os demais.
Existem infinidades de pessoas escrevendo sobre este tema, e muitas delas são celebridades, outras são pessoas comuns. A maior parte inclusive, mais contribui para colocar mais confusão na cabeça das pessoas, mais espalha desinformação do que esclarecimento. Boa parte dos leitores apenas lê em redes sociais, um fenômeno atual, uma horda de analfabetos funcionais que mal sabem interpretar fotografias, e apenas se atém a memes.
O professor, o escritor, o jornalista, o sujeito que escreve, é fonte eterna de influência e precisa saber disso. Ele deve usar cada linha como uma arma e uma ferramenta de trabalho que irá transmitir o que deseja, mas do outro lado, espera-se que o leitor tenha cérebro para ler, maleabilidade para sacar e compreender as sutilezas de cada texto, sem que com isso, tenha um xilique cada vez que não gostar do que leu.