A exploração de animais para o benefício de sociedades humanas é uma prática antiga. Para além dos caçadores e coletores que viviam de forma selvagem, colhendo frutas e capturando animais para se alimentar, acredita-se que a domesticação de animais data de cerca de 12 mil anos atrás.
Alguns registros mostram que testes em peles, olhos e órgãos de animais vivos já eram realizados por alguns pesquisadores gregos, como Aristóteles (384 – 322 a.C.) e Erasístrato (304 – 258 a.C.).
Apesar de estudos paleontológicos (estudo de fósseis) recentes mostrarem incoerência nesta afirmação, alguns outros estudos mais antigos mostram que a carne teve um papel muito importante na evolução da nossa espécie.
Há séculos usamos os animais para nos fornecer comida, segurança, remédios, vestimentas ou entretenimento. A relação do ser humano com outras espécies é antiga, e desde sempre, os utilizamos como recursos.
No presente, a produção em larga escala e de maneira industrial dos produtos de origem animal representam: emissões de toneladas de gases de potencial efeito estufa, drástica poluição da água e do solo, sofrimento de bilhões de animais e, consequentemente, uma crise na saúde global. Além disso, o consumo de animais é responsável pelas principais doenças modernas.
Além de milhares de km de desmatamento, queimadas, monoculturas, fazendas industriais, confinamento cruel de bilhões de animais, alimentação nociva, uso de agrotóxicos, antibióticos e práticas invasivas, destruição e extermínio de povos tradicionais, e uma série de outras questões que há milhares de anos não tinha nem a metade da proporção que tem hoje.
Portanto, no século XXI, quase entrando no ano de 2024, olhar para trás para termos respostas ou desculpas não faz tanto sentido.
O passado até fornece informações que podem nos auxiliar em muitas áreas. Mas se tratando de exploração e utilização de animais, precisamos olhar para o agora e para frente.
Uma série de atividades, eventos, e fatos que acontecem atualmente, são muito diferentes dos que ocorriam há centenas de anos. Segundo a FAO, produtos de origem animal têm ‘impacto excessivo’ para o meio ambiente e clima.
Um Relatório das Nações Unidas referente ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sugeriu uma mudança na dieta, reduzindo o consumo de origem animal para reduzir os impactos no meio ambiente.
Estudos recentes concluíram que os animais não humanos, além de sentir tudo o que nós humanos sentimos, como dor, frio, fome, sede, angústia, medo, são capazes de gerar consciência.
Em 7 de julho de 2012 foi publicado a Declaração de Cambridge sobre a Consciência Animal, onde os pesquisadores concluíram que os animais não humanos têm os substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos de estados de consciência, juntamente como a capacidade de exibir comportamentos intencionais.
E as evidências apontam que não são apenas humanos que possuem substratos neurológicos que geram consciência. Estudos, pesquisas e dados nos mostram o que há centenas de anos era impossível saber.
Nenhuma pensadora, político, líder religioso, filósofo, faraó, tinham essas informações na antiguidade, portanto, não debatiam essas questões, e não estavam se importando com os impactos de suas ações.
Estamos frente a frente com a modernidade, problemas urgentes e atuais; portanto, precisamos modernizar a forma de enxergar e agir.
Pega a visão:
Atualmente, apenas algumas populações, como indígenas, ribeirinhos, quilombolas, esquimós, nômades, entre outros, dependem exclusivamente do consumo de origem animal. Sendo coerentes com a sua forma de vida, pois não possuem outras alternativas.
Fonte: Terra