EnglishEspañolPortuguês

ARTIGO

Veganismo com leveza

20 de junho de 2021
Fernanda Fonseca
4 min. de leitura
A-
A+
Foto: Ilustração | Pixabay

O veganismo ainda é um desafio para veganos, pois estes ainda são parte de um grupo minoritário e não-dominante. Como consequência disso, é comum que pessoas veganas não recebam aprovação e nem reconhecimento por esta escolha. E não é raro que se sintam sozinhos pelo fato de por vezes serem os únicos veganos em determinadas situações. É possível também que sintam algum isolamento, por não mais pertencerem ao grupo de onívoros. Também pode existir uma sensação de inferioridade, por ouvirem constantes críticas e comparações. E um elevado perfeccionismo, por acreditarem que a ascensão do veganismo depende principalmente de suas atitudes e desempenho.

Como forma de lidar com esses conflitos, há veganos que evitam falar de veganismo, como forma de não entrar em contato com sentimentos desagradáveis. Há também aqueles que, por desesperança, acreditam que não há nada que se possa fazer, que a situação nunca irá mudar. E há um terceiro grupo, aqueles que procuram ter 100% de dedicação à causa, pois acreditam que é assim que um bom vegano deve agir. E deixam em segundo plano as diversões, as relações e outras necessidades. Assim, podem se mostrar inflexíveis, severos e mau humorados, e se esquecerem que há outras coisas igualmente importantes.

Então, como tornar a experiência do veganismo, algo leve?

Tornar o veganismo algo leve, requer esforço. Mas é um esforço que vale a pena. É inspirador ver a coragem e dedicação de veganos à causa, o mundo precisa de mais bravuras como essa. Não há crítica nenhuma quanto a isso.

Apenas é importante fazermos algumas observações quando o veganismo se torna a prioridade na vida da pessoa. Para que seja sustentável, o engajamento na causa deve acontecer de preferência, respeitando o momento e os limites de cada indivíduo, com pausas ou desacelerações quando necessário, para que ela consiga ter um bom desempenho e realização.

Volto a ressaltar, é recomendado às pessoas veganas contribuírem, sim, de alguma forma, com a causa. Isso costuma proporcionar um ganho emocional para elas.

O alerta é somente para as atitudes de autossacrifício, perfeccionismo, arrogância, negatividade, e impaciência que possam surgir, por exemplo, quando ela mesma ou outras pessoas cometem erros, quando não compartilham as mesmas crenças, ou quando não fazem as mesmas escolhas.

É importante esclarecer que, tornar o veganismo leve não é ignorar o sofrimento animal e tampouco se afastar da causa. A proposta é ter uma experiência vegana com assertividade, autocuidado, autenticidade e com uma dose de diversão. Essa energia e esse exemplo, podem atrair ainda mais pessoas.

Porque o ser humano, talvez mais do que nunca, está em constante busca de algo que o acrescente, que o faça se sentir mais integrado, mais conectado. E é por isso que, quando entenderem que no veganismo há mais ganhos do que perdas, podemos diminuir a resistência e atrair mais aceitação e interesse de pessoas de fora da causa.

Faça uma reflexão sobre que possibilidades o veganismo trouxe à sua vida, se alívio de consciência, congruência de valores, motivação para aprender mais, novas amizades, novos hábitos, novas consciências e visões de vida. E compartilhe! Isso pode abrir o campo de visão de quem te escuta.

E procure transmitir a mensagem com abertura e empatia, assim é mais provável que as pessoas escutem mais com o coração do que por obrigação (porque não tiveram escolha), o que pode fazer com que se afastem ou se sintam ressentidas ou na defensiva. Mesmo porque, o sistema no qual estamos inseridos, não estabelece o veganismo como uma norma, o que dificulta a compreensão delas sobre a importância desta mensagem. E nem todo mundo sente desejo ou segurança suficiente para dar um (pequeno grande) passo desse. Mas com sabedoria, desprendimento e criatividade, podemos mostrar de uma forma descomplicada, que esta pode ser uma experiência interessante, agradável e possível, e que esta não é uma decisão que precisa ser tomada imediatamente e nem precisa ser definitiva. Se hoje elas não conseguem -ou não desejam- aderir ao veganismo, um dia elas podem mudar de idéia. Ou talvez elas possam dar o passo inicial e fazerem a transição lenta e gradualmente, assim é mais provável que consigam se adaptar as mudanças. Isso humaniza a transição e aumenta as possibilidades de que mais pessoas ao menos apoiem o veganismo, além de mostrar que não é porque continuam onívoras que precisam se rotular como “carnistas”. E irá assegurá-las de que são aceitas por você (sendo elas veganas ou não), e que se em qualquer momento desejarem, elas poderão contar com o seu apoio.

    Você viu?

    Ir para o topo