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FILOSOFIA DE VIDA

Vegana, atriz Maria Casadevall defende que movimento seja conectado a causas sociais

4 de junho de 2024
4 min. de leitura
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Foto: Divulgação

A atriz Maria Casadevall (36) decidiu parar de comer carne vermelha há 21 anos. O motivo? Uma questão ética. Quando ela ainda era adolescente passou a se perguntar por que os animais do seu convívio recebiam afeto e outros eram submetidos à exploração e à morte. Então, deu o primeiro passo e vivenciou um processo de anos até se tornar vegana.

Em entrevista para Planeta, a atriz conta que começou tirando a carne vermelha, depois o peixe. “Aos poucos fui me inteirando mais sobre o assunto, passei a compreender o impacto ambiental da pecuária, a relação com a minha saúde física, a dimensão política e social que envolve a produção deste tipo de alimento, assim fui deixando de comer todo tipo de carne animal”, diz.

Ao longo de seu processo de descoberta, Maria também começou a considerar deixar de comer ovos, leite e seus derivados: “passei a compreender que a indústria de laticínios é tão cruel e danosa quanto a indústria de abate para produção de carne animal”.

Parte de um sistema

O veganismo propõe a libertação animal e, para a atriz, não basta deixar os ingredientes de origem animal fora do prato, mas sim fazer parte de um movimento de origem popular, conectado a causas políticas sociais: “que combatem as injustiças de um sistema que coloca o dinheiro em primeiro plano, sobretudo acima da vida”.

Tudo está interligado dentro desse sistema desigual e orientado pelo lucro em que vivemos. “É o que está decidindo quais corpos têm ou não direito ao afeto, quais corpos têm ou não direito à vida”, explica Maria, ao denunciar o especismo que molda a sociedade.

Em linhas gerais, especismo é a discriminação entre espécies. Basicamente, é eleger quais espécies de animais são melhores do que as outras. Historicamente, a humanidade se coloca como superior em relação a outros animais e também escolhe quais devem ser exploradas (como é o caso de bois, porcos, frangos e peixes) e quais querem amar (como cães e gatos), por exemplo.

“O fim da exploração animal também traria o fim da exploração humana dentro da indústria da carne, que tem um dos maiores índices de insalubridade trabalhista, sobretudo psicológica”, afirma Maria Casadevall sobre os problemas da violência que acontece nas fazendas industriais e nos matadouros.

Dentro e fora das redes sociais, a atriz utiliza a sua influência para trazer conscientização para diversas outras causas sociais. Ela conta que a sua compreensão política começou a chegar a ela como consequência do que aprendeu com a causa animal. “Foi o primeiro despertar para a injustiça violenta cometida contra outros seres que se reproduz de forma estrutural”, explica.

“Fui me dando conta que além de explorar outras espécies, seres humanos também são submetidos à mesma lógica: corpos são racializados e generificados”, diz Maria.

Esse sistema, segundo Maria, só continua funcionando se a sua estrutura seguir como racista, classista, misógina, especista, homofóbica e transfóbica, “perpetuando injustiças e desigualdades”. E é o que acontece.

Meio ambiente

Se a humanidade enfrentasse uma transição em grande escala para o veganismo, muitos dos problemas ambientais poderiam ser revertidos e sanados. “Terras são desmatadas para criação de bois e plantação de soja, que serve para alimentar este gado”, explica a atriz, que também enxerga um futuro com mais espaço para discussão da reforma agrária e demarcação de terras indígenas.

“O desmatamento em grande escala, que acontece para a criação de animais, perpetua a lógica violenta e desigual dos grandes latifúndios em território nacional, e interdita debates imprescindíveis para a soberania alimentar”, diz Maria, que adiciona à lista de prejuízos, o desequilíbrio marítimo que a pesca predatória e industrial causa.

Dia a dia vegano

Se antes, a atriz passava por perrengues na hora de se alimentar nos bastidores de seus trabalhos, hoje não mais. Ela conta que situações assim estão cada vez menos comuns. Com o veganismo, ela aprendeu a estar mais na cozinha preparando seu próprio alimento e se garantindo nas marmitas.

“No lugar de privilégio que ocupo, tenho cada vez mais espaço para pautar a diversidade de alimentos para todes no meu local de trabalho”, pontua Casadevall.

Maria aproveita o seu tempo livre para fazer trabalho voluntário e realizar parcerias pontuais com ONGs e instituições relacionadas à causa animal. Uma organizações que mais tem envolvimento prático e afetivo é o Santuário Vale da Rainha, que resgata e abriga animais, principalmente os que foram vítimas da indústria alimentícia: “Todas as vivências lá me transformaram profundamente”.

Mesmo quando pode estar in loco atuando em prol dos animais, a atriz faz questão de oferecer apoio financeiro, criando pontes e trazendo visibilidade para a causa em suas redes sociais.

Fonte: Terra

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