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Vazamento de óleo da BP causou mortes e doenças pulmonares em golfinhos

23 de maio de 2015
4 min. de leitura
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Golfinhos que nadam nas águas contaminadas com petróleo do Golfo do México após o vazamento da BP em 2010 sofreram lesões pulmonares incomuns e tiveram alta taxa de mortalidade por causa da poluição do petróleo – informaram cientistas norte-americanos nesta quinta-feira.
As últimas descobertas publicadas na revista PLoS ONE apresentam a evidência mais forte até hoje de que o desastre ambiental desencadeado pelo vazamento da plataforma Deepwater Horizon foi a razão para um número muito elevado de golfinhos mortos ou moribundos encontrados no litoral de Louisiana, Mississippi e Alabama.
A plataforma arrendada pela BP derramou milhões de barris de petróleo no oceano depois que explodiu, em 20 de abril de 2010.
Os golfinhos fazem respirações profundas logo na superfície da água, onde as partículas de petróleo ficaram mais concentradas, e “onde há uma boa chance de inalar óleo”, afirmou Stephanie Venn-Watson, principal autora da pesquisa e epidemiologista veterinária da Fundação Nacional dos Mamíferos Marinhos.
“Os golfinhos foram negativamente impactados pela exposição aos compostos de petróleo após o derramamento de petróleo da plataforma Deepwater Horizon, e a exposição a estes compostos causou doenças adrenais perigosas e doenças no pulmão que têm contribuído para um aumento da mortalidade dos golfinhos no norte do Golfo do México”.
Lesões incomuns nos pulmões e nas glândulas supra-renais, que regulam os hormônios e a resposta ao estresse, foram um sinal chave de que algo estava errado com golfinhos na área do vazamento, segundo a pesquisa, que comparou autópsias de 46 golfinhos que morreram na área afetada pelo vazamento entre junho de 2010 e agosto de 2012 a uma população de golfinhos encalhados ao largo da costa da Flórida.
“Descobrimos que os golfinhos que morreram após o derramamento de petróleo tiveram lesões de glândulas supra-renais e pulmonares que não estavam presentes nos golfinhos encalhados de outras áreas”, explicou Kathleen Colgrove, patologista veterinária da Universidade de Illinois.
“Estes golfinhos apresentavam algumas das lesões pulmonares mais graves que eu já vi em golfinhos selvagens de todo os Estados Unidos”, contou.
Um em cada três dos golfinhos encalhados na área do derramamento estava com a glândula adrenal do córtex diluída, uma taxa significativamente maior do que a observada na população de golfinhos encalhados na baía de Sarasota, Flórida, em que um em cada 10 apresentava tal condição.
Um em cada cinco dos golfinhos da área afetada pela plataforma da BP teve pneumonia bacteriana, uma doença pulmonar grave que foi severa o suficiente para causar ou contribuir para a morte dos animais.
Em comparação, a pneumonia bacteriana foi encontrada em apenas um dos 50 dos golfinhos da Flórida cujas necropsias foram comparadas.
Estudos em outros animais mostraram que inalar óleo pode causar disfunção adrenal, doença pulmonar e pneumonia bacteriana, o que Venn-Watson descreveu como “um dos resultados mais comuns de lesão por inalação química em outros animais”.
Os cientistas excluíram outras doenças conhecidas por ter matado grandes quantidades de golfinhos no passado, como brucelose e morbilivírus, dizendo que os patógenos foram encontrados em níveis semelhantes nos golfinhos do derramamento de óleo e do grupo de referência de golfinhos na Flórida.
Eles também excluíram cânceres, doenças auto-imunes, infecções por fungos e tuberculose.
“Não há restaram causas alternativas viáveis para explicar o timing, a localização e a natureza destas lesões distintas”, afirmou Venn-Watson.
Um estudo 2013 feito com os cetáceos em na baía de Barataria em Louisiana descobriu que os golfinhos estavam com dentes faltando, tinham lesões pulmonares e alta prevalência de doença após o pior vazamento de petróleo na história dos Estados Unidos.
Embora os pesquisadores não dispusessem de um estudo de base sobre a saúde dos golfinhos em Barataria antes do derramamento de óleo, eles afirmam que a combinação de análises de golfinhos vivos e mortos forneceram um forte corpo de evidências.
Mais de 1.200 golfinhos desapareceram da área do Golfo do México, afetados pelo derramamento desde 29 de abril 2010.
Em resposta ao estudo, a BP rebateu as descobertas científicas.
“De acordo com a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), a ‘mortalidade incomum’ no Golfo começou em fevereiro de 2010, meses antes do vazamento”, disse Geoff Morell, vice-presidente sênior de comunicações dos Estados Unidos e assuntos externos da BP.
“Mesmo que a mortalidade incomum possa ter aumentado em algumas áreas com o derramamento de óleo, a correlação não é prova do nexo de causalidade”.
Fonte: Isto É

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