A explosão da plataforma de petróleo “Deep Water Horizon”, no Golfo do México, próximo da Costa Sul dos Estados Unidos, no último dia 20 de abril, provocou o que vem sendo considerado por especialistas como o maior desastre ecológico da história do país. Da data da explosão até hoje, o governo dos EUA estima que entre 72 a 113 milhões de litros de petróleo já tenham sido lançados ao mar.
Para o oceanógrafo André Belém, fundador da ONG ( Organização Não-Governamental) Observatório Oceanográfico, “esse acidente é realmente uma catástrofe”. Apesar de esse petróleo que sai do poço ser um óleo leve e cru, quando ele chega à superfície e entra em contato com o sol, começa a se degradar. “Esse óleo se transforma em subprodutos, que quando entram em contato com a pele e pena dos animais causa sérias lesões e pode levar até a morte das espécies”, diz.
Segundo o especialista, “a vida marinha como um todo não é atingida de imediato, mas pode gerar problemas a longo prazo”, explica. “O problema é que não estamos falando de um acidente que já foi resolvido, continua saindo óleo dali, e com isso pode-se levar anos para recuperar o meio ambiente, algo em torno, de 15 a 20 anos e até mais”, completa.
Espécies ameaçadas
O Doutor em Ecologia Fabio Giordano, professor da Universidade Santa Cecília (Unisanta), explica que a região é uma grade fazenda de crustáceos, o chamado craw fish, uma espécie de lagostim. Essas espécies se reproduzem nos estuários da região. “São quase 300 km de estuários”, diz. “Do ponto de vista ecológico, esse desastre não poderia ter acontecido em lugar pior e não poderia ter sido em época pior”, ressalta. Segundo ele, essa é a época de reprodução e desenvolvimento das espécies, que ainda são muito jovens.
Giordano explica ainda que os estuários são regiões onde água doce e salgada se misturam. “Aquele é um oceano de águas bem transparentes. Os animais também dependem dessa transparência porque indiretamente eles se alimentam de algas.”
“As algas dependem da luz e, com a película de óleo que se forma, você tem uma incidência luminosa para a fotossíntese muito reduzida, resultado, você vai ter uma produção primária menor, ou seja, algas produzindo menos alimentos e, consequentemente, a base da cadeia alimentar está ameaçada”, alerta. Segundo o professor, os prejuízos estão sendo analisados, e o que não foi contabilizado ainda, seguramente será contabilizado na próxima estação.
De acordo com o departamento de Vida Silvestre e Pesca da Louisiana, pelo menos 650 espécies animais são ameaçadas pela mancha de óleo. Até o momento, foram afetadas 445 espécies de peixes, 134 de pássaros, 45 de mamíferos e 32 de répteis e anfíbios.
Com informações de EBand