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Vários cães que vivem num abrigo aguardam nova chance de ser feliz, em Contagem (MG)

6 de junho de 2013
5 min. de leitura
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Cão viver
[email protected]

Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação

Esta cadelinha foi resgatada por uma pessoa que dizia gostar de cachorro. Infelizmente, nem todas as pessoas que resgatam cães são equilibradas e têm boas intenções. A Boneca passou a apanhar muito todos os dias. Ela era espancada todo final de tarde. Os gritos eram ouvidos à distância e ela dormia, todas as noites, embebida no próprio sangue. Sob ameaça, e com a promessa de uma compensação qualquer, conseguimos resgatá-la.

Quando a conheci, ela era a coisa mais medrosa do mundo. Ela me olhava com pavor, esperando pelas agressões. Claro que estava também doente. Além das feridas, a sarna já indicava sua fraqueza e baixa resistência. Apesar de tudo, ela se mostrava submissa. Não rosnava, não mordia e não tinha sequer coragem de tentar fugir. Ela se encolhia, como se aceitasse o destino. Em seus olhos, havia pedido de clemência.

Quando a coloquei no banco do carro, ela se encolheu ainda mais. Parecia já ter ouvido falar de uma tal carrocinha, de câmaras de gás, de armas de fogo e coisas do gênero, que a espécie humana inventou pra exterminar outras espécies e poder viver sozinha no mundo. Ela se encolheu no banco e me olhava de soslaio, esperando pela agressão que, pela experiência dela, estava pra acontecer. Até mesmo a câmera que se voltava para ela era motivo de tensão. Talvez fosse melhor não fotografá-la naquele momento.

Mas você é uma vira-lata moça. Se não contarmos sua história, mostrando todos os detalhes, ninguém vai adotá-la e você passará o resto da vida esquecida em um abrigo. A minha espécie ainda não sabe nada sobre lobos e precisamos tentar ensinar, pelo seu próprio bem e dos outros amigos que você vai conhecer. E se aquele passeio de carro lhe trazia um mau pressentimento, quando chegamos ao destino, a surpresa não foi melhor.

Ela estava doente, precisava de tratamento e teria que ficar isolada na enfermaria. Mesmo com toda a assistência e carinho que passaria a receber daquele momento em diante, ela não tinha motivos pra comemorar, nem pra se alegrar. Apesar de tudo, ela teve muita sorte. Isto porque seu destino foi a Cão Viver, que a recebeu de braços abertos. Foram cinco meses de tratamento, desde o seu resgate. Sarna, Babésia, muitas e muitas feridas mas, o pior, o trauma e o medo de gente. Tudo isso foi curado. Os médicos e voluntários da Cão Viver se desdobraram para dar a ela o melhor.

E o resultado já se pode ver. A Boneca está pronta pra começar uma nova vida. Está vacinada, vermifugada, castrada e livre de todos os males, inclusive os da alma.

Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação

Lá ela conheceu Johny e Laika, que se tornaram seus melhores amigos de infância. Johny é este cãozinho marrom de cara amassada. Quando chegou ao abrigo, era menor que um gato de dois meses e tinha sarna desde a ponta da orelha até o último dedo. Foi alimentado com mamadeira diária, fez o tratamento, foi crescendo, foi para o canil junto com outros isolados de sarna, cresceu mais e agora está ai, pronto para adoção. Ele ainda é filhote e não tem mais que um ano.

Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação

Laika é uma cadelinha toda preta, com a língua azul. Chegou ao abrigo apavorada, como se pedisse: “Por favor. Não me deixe aqui”. Com o passar dos dias, o pelo foi crescendo e ficando bem pretinho, demonstrando que, assim como os cuidados médicos, carinho também cura. Na Cão viver, eles estão no canil redondo, que é considerada a Suíte Presidencial do abrigo.

Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação

Além do Johny e da Laika, a Boneca fez também amizade com o Espeto, com quem já esboça brincadeiras e correrias. O nome dele não é bem esse, mas está valendo. O que importa aqui é mostrar que ele existe.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Outra companheira de canil da Boneca é a Melissa. (Mais outra com nome inventado na última hora. É a pressa de soltar o pedido e a minha desinformação, mas na Cão Viver, todos os animais têm nomes, são chamados pelo nome e muitos deles já atendem pelo nome).

Então é isso, Boneca. Que toda aquela tensão do dia do resgate e todo o sofrimento do longo tratamento tenham valido a pena. Nenhum animal deveria ser resgatado pra viver em um abrigo, mesmo que seja um abrigo como a Cão Viver. Abrigos devem ser casas de passagem. De curta passagem, aliás. O resgate só faz sentido, se eles forem adotados, se ganharem novos donos, se puderem ocupar seu lugar no mundo.

Se você se interessou por algum destes cães, pode visitá-los de segunda a sábado, na Rua 1º de maio, nº 165, bairro Braúnas, Contagem.

Se preferir, envie seu nome e telefone para a Cão Viver, pelo e-mail, que retornaremos com as informações desejadas.

Contato: Cão Viver –  [email protected] / [email protected] ou Fone: (31) 3397.8560 / Cel.: 31-9492.8730

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