Nesta sexta-feira, dia 27 de novembro, mais uma vez a Vanguarda Abolicionista –www.vanguardaabolicionista.com.br – estará alinhada com grupos de todo o mundo, na Sexta-feira Mundial Sem Pele, a Worldwide Fur Free Friday. Conforme a International Anti-Fur Coalition, entidade que promove o protesto e centraliza as informações, serão 75 manifestações por todo o planeta, desde o PETA no Texas, EUA, até a Bite Back na Holanda, passando pela OIPA na Itália e por organizações de países como Paquistão, Israel e África do Sul. No Brasil, somente o Holocausto Animal, em São Paulo, e a Vanguarda Abolicionista, tomam parte nesse dia de protestos.
A VAL optou por dar ênfase a um tipo de pele de animal muito comum na realidade brasileira – o couro, presente na vestimenta e acessórios da maioria das pessoas. Historicamente, o Rio Grande do Sul teve no couro a semente de sua indústria pecuária, produto que, curiosamente, foi objeto de exploração antes mesmo da carne. “(…) Iniciando o comércio de couro e sebo, sendo a carne em sua maior parte desprezada”, diz um recente estudo sobre a ocupação do RS no século 17, feito por dois pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria, UFSM.
A ideia foi aproximar a questão do dia a dia das pessoas, que muitas vezes inadvertidadmente, compram produtos de couro bovino, suíno ou ovino, sem associar com a pele de um animal senciente. Outras vezes, só existe a opção ‘de couro natural’ ao se adquirir uma poltrona, um sapato social ou mesmo uma alça para guitarra – estou usando uma já caindo aos pedaços, pois já fui em dezenas de lojas de instrumentos musicais, e todas as alças para guitarra ou baixo são de couro, em parte ou no todo.
Haverá panfletagem em pontos da cidade, espeicalmente na Cidade Baixa, bairro boêmio de Porto Alegre, com banners específicos sobre a WFFF e o uso de couro. Cartazetes serão afixados em bares simpáticos à causa, já que muitos começaram a ter opções vegetarianas e veganas em seus cardápios.
O panfleto especialmente elaborado para a data, e que já circula pela Internet em versão digital desde o começo desta semana, enfatiza o caráter anacrônico e primitivo do uso da pele de um outro animal como vestimenta. Tal como o consumo de carne e outras facetas da exploração animal, mas muita vezes minimizada por expressões como “ah, mas a vaca já estava morta” ou “já que o gado é morto pela carne, não custa aproveitar o couro”.
Vejamos como existe um encadeamento de ações. Segundo essa lógica, já que o animal havia morrido para fornecer comida, nada mais natural que aproveitar-se o couro, tal como os ossos, as aspas, os olhos para testes em laboratórios, etc. Entretanto, essas pessoas não questionam a origem de tudo, sendo o aprisionamento e abate de animais para o tal alimento, e tudo o que mais dele – seu corpo – suceder. Assim comou já ouvi “ah, o animal já está morto, tanto faz eu comer ou não”, ou “esta pizza veio com queijo, então o mal já está feito”. Em diferentes níveis, a ausência de uma retidão moral ou mesmo a empatia mais elementar.
Neste caso, o mundo protesta contra o uso de animais fofos e peludos como fútil ornamento, uma crueldade estúpida por procuração. Aqui, vamos apontar para o sapato das pessoas, que pisam diariamente sobre os animais, sem capacidade de questionamento.