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AÇÃO HUMANA

Vamos falar do Cerrado? 80% do bioma já foi modificado pelo ser humano

O agronegócio faz uso de técnicas de aproveitamento intensivo dos solos, provocando, com o passar do tempo, o esgotamento dos recursos locais, além do uso de agrotóxicos e fertilizantes quem tem contaminado também o solo e a água

26 de outubro de 2022
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Cerrado tem sido a área mais desmatada do pais nos últimos dois anos       Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Cerrado é o bioma que abriga a famosa Chapada dos Veadeiros e a capital no nosso país, contudo, diferentemente da Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal, não é considerado “Patrimônio Nacional”, dificultando assim a conservação de sua biodiversidade.

Ainda que o Cerrado seja cortado por três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins, São Francisco e Prata), favorecendo assim a manutenção de uma biodiversidade surpreendente, com cerca de 10 mil espécies de plantas diferentes, esse bioma, depois da Mata Atlântica, é o ecossistema brasileiro que mais alterações sofreu com a ocupação humana.

O agronegócio faz uso de técnicas de aproveitamento intensivo dos solos, provocando, com o passar do tempo, o esgotamento dos recursos locais, além do uso de agrotóxicos e fertilizantes quem tem contaminado também o solo e a água.

De acordo com a WWF Brasil, cerca de 80% do Cerrado já foi modificado pelo homem por causa da expansão agropecuária, urbana e construção de estradas – aproximadamente 40% conserva parcialmente suas características iniciais e outros 40% já as perderam totalmente. Somente 19,15% corresponde a áreas nas quais a vegetação original ainda está em bom estado.

Então, você pode pensar, mas essa produção é importante para o país, precisamos de alimentos e outros produtos que vem na terra. Contudo, é exatamente o oposto disso: 60% da área total é destinada à pecuária e 6% aos grãos, principalmente soja.

O estudo “O Agro não é tech, o Agro não é pop e muito menos tudo”, da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra) em parceria com a FES Brasil, demonstra que o agronegócio não só não traz alimentos para a população brasileira, como é o contrário: de acordo com a pesquisa, o setor fomenta a desigualdade, que faz com que atualmente 55% da população não tenha certeza se terá o suficiente para se alimentar no dia seguinte.

Isso acontece porque esses grãos não vão para nossa mesas (são exportados ou chegam ultra processados no nosso prato). As pessoas que de fato produzem o arroz, o tomate ou o alface que chega nas nossas casas são expulsos das suas terras pela pressão do agronegócio.

Esse processo de exportação de grãos também não representa um desenvolvimento para o Brasil, já que estamos exportando novamente “a matéria-prima” e importando o industrializado. Isso leva o Brasil ao que estamos chamando de “reprimarização da economia”, um retrocesso para nosso lugar no mercado global.

A pesquisa também demonstra que o agronegócio é o que menos contribui com a produção de riqueza. A média de participação do agronegócio na riqueza nacional é de 5%.

O MST tem uma frase que gosto muito que é “se o campo não planta, a cidade não janta”. Podemos pensar essa palavra de ordem pensando na proteção dos nossos biomas se os produtores rurais não permanecem na terra, a cidade também sofre as consequências da destruição da natureza.

Fonte: Ecoa

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