A Polícia Militar orientou o proprietário do sítio sobre os trâmites legais e anunciou reforço no patrulhamento da região. A resposta policial busca conter novos furtos, mas enquanto o consumo seguir dissociado das condições em que animais vivem e morrem, cenas como essa continuarão a se repetir, longe dos centros urbanos, mas diretamente conectadas às escolhas feitas todos os dias à mesa.
Uma vaca foi morta e esquartejada em uma propriedade rural de Bom Sucesso, no interior do Paraná. O caso veio à tona no início da tarde de domingo (28/12), quando o dono do sítio, um homem de 63 anos, encontrou ela já sem vida em uma área de pastagem às margens da Estrada Aracati.
A Polícia Militar foi acionada e constatou que a vaca foi morta intencionalmente. Havia cortes profundos no pescoço, feitos com objeto perfurante, indicando ação humana direta e consciente. Apenas uma das pernas traseiras foi levada. O restante do corpo ficou abandonado no local.
O chamado abigeato, prática em que animais são mortos no próprio terreno para retirada parcial da carne, tem se repetido em regiões rurais e revela um padrão de crueldade normalizado, que transforma um ser senciente em mercadoria descartável, onde o sofrimento não entra na conta e a morte é tratada como detalhe operacional.
Esse tipo de crime não surge do nada. Ele é alimentado por uma cadeia que começa no prato e termina no pasto. A demanda constante por carne barata cria um ambiente propício para ações clandestinas, que ignoram qualquer noção de bem-estar ou dignidade animal. Quando os animais são vistos como alimentos, a violência necessária para obtê-la tende a ser invisibilizada ou relativizada.