O uso excessivo de antibióticos em fazendas industriais no Reino Unido foi associado a quase 2.000 mortes humanas no ano passado, revela um novo relatório da World Animal Protection UK. Sob o título ‘A agricultura industrial está nos matando?’, a análise abordou os impactos da pecuária intensiva na saúde humana e na economia, projetando que bactérias relacionadas ao uso de antibióticos nessas explorações poderiam causar mais de 52.000 mortes até 2050, a menos que medidas adequadas sejam adotadas.
A União Europeia (UE) proibiu o uso preventivo rotineiro de antibióticos em fazendas em 2022, e a World Animal Protection lidera uma campanha pedindo ao governo do Reino Unido que siga o mesmo caminho. O relatório destaca a resistência antimicrobiana (RAM) como uma ameaça à saúde global, resultante do uso excessivo de antibióticos em animais de criação, que compromete a eficácia desses medicamentos em humanos, tornando algumas doenças intratáveis.
A intensiva criação de animais em condições de fazendas industriais coloca uma pressão significativa sobre seus sistemas imunológicos, e o uso excessivo de antibióticos contribui para o surgimento de bactérias resistentes que contaminam o ambiente. A RAM é considerada uma das maiores ameaças à saúde global, podendo resultar em mais de 2.400 mortes anuais no Reino Unido até 2050.
Apesar de promessas de regulamentações equiparadas à UE, o Reino Unido ainda não implementou restrições significativas ao uso responsável de antibióticos, e ativistas alertam sobre lacunas nas propostas de legislação. As perdas econômicas devido ao uso excessivo de antibióticos em 2022 totalizaram £1,32 bilhão, com quase 40.000 anos de trabalho perdidos devido a E. coli e Salmonella não tifóide. Estima-se que até 2050, mais de 1 milhão de anos produtivos serão perdidos, custando à economia £37,55 bilhões.
O relatório revela que 60% dos britânicos ficam “chocados” com a possibilidade de sofrerem devido ao uso excessivo de antibióticos em fazendas industriais, enquanto 70% apoiam a proibição do uso rotineiro e preventivo desses medicamentos em animais de criação. A World Animal Protection espera que o apoio público influencie o governo a implementar regulamentações restritivas e aplicá-las rapidamente.