O Stygichthys typhlops tinha sido descrito por um pesquisador norte-americano na década de 1960. “Esse pesquisador encontrou apenas um exemplar do animal há mais de 40 anos. Imediatamente, remeteu o espécime aos EUA, onde um grupo de colegas americanos o descreveu”, explica Moreira.
Nos anos que passaram o peixe nunca mais fora visto. Explica-se: o peixe, da ordem dos Characiformes, só ocorre em aquíferos, ou seja, em águas subterrâneas. Por isso, não tem olhos nem pigmentação.
A descoberta, além de possibilitar novos estudos sobre a morfologia e comportamento da espécie, representa também um alerta para a preservação de aquíferos.
“Acreditamos que a espécie esteja ameaçada de extinção por conta do consumo excessivo da água do aquífero” diz Moreira, alertando para a necessidade de preservação do ambiente e de adoção de um programa para diminuir a retirada de água e evitar a contaminação do aquífero.
O primeiro alerta para a ameaça de extinção do Stygichthys typhlops foi dado em 2008, quando Moreira e Trajano publicaram nota sobre no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, lançado pelo Ministério do Meio Ambiente.
A busca na região de Jaíba (MG) baseou-se em relatos de moradores e na procura do animalzinho em poços superficiais de abastecimento das casas. “Quase não existem mais poços que não sejam artesianos, muito profundos. Dos 12 poços superficiais que pesquisamos, apenas dois tinham água ainda. Foi aí que encontramos o Stygichthys typhlops”, relata o pesquisador da Unifesp. Ao todo, foram coletados 24 indivíduos da espécie para análises laboratoriais.
“Inicialmente fizemos uma descrição da morfologia e uma análise do comportamento, da biologia, da conservação, dos hábitos e do habitat”, explica Moreira. “Agora pretendemos mostrar onde estas espécies se encaixam na evolução dos Characiformes e iniciar pesquisas mais aprofundadas sobre a espécie”, diz ele.
Fonte: Estadão