A figura misteriosa e impassível do pássaro urutau voltou a chamar atenção em Bauru (SP). Avistado nesta segunda-feira, na praça Portugal, pelo jardineiro Flávio Moraes da Silva, apesar de toda movimentação em torno de sua estranha figura, se manteve impassível, confirmando sua característica de ave de hábitos noturnos. No entanto, para o zootecnista Luiz Pires, a presença da ave em praças da cidade não é surpresa e não pode ser considerada como resultado de um desequilíbrio ambiental.
O pássaro estava pousado em um poste de concreto e foi visto por Silva quando trabalhava na manutenção dos jardins da praça. “Eu vi quando atravessei a rua. Falei para os meus amigos e todos acharam estranho. Eu achei feio”, contou o jardineiro, que diz ter avistado outros pássaros no local, como um casal de joão de barro e um tucano.
O zootecnista explica que o pássaro é comum em regiões de cerrado e é dificilmente avistado devido ao seu mimetismo, que faz com que as pessoas o confundam com um pedaço de madeira. Seus hábito alimentares fazem com que se torne “invisível” durante o dia, ao mesmo tempo em que o atrai para a cidade.
“Ele está muito presente, até porque na cidade, como a gente tem a iluminação noturna, tem a presença muito grande de insetos que voam ao redor das luminárias, e ele se alimenta somente de insetos e durante o vôo. Então, é um animal que encontra à noite uma alimentação abundante no meio urbano. Nas praças, como são mais arborizadas, eles repousam nestes locais. Ele é difícil de ser observado, mas está muito presente”, garante.
No Brasil, existem cinco espécies de urutaus, todas pertencentes à família dos nictibiídeos (em latim, Nyctibiidae) e ao gênero Nyctibius 5, grupo que é restrito às regiões mais quentes do continente americano. Das espécies brasileiras, a mais comum é o Nyctibius griseus 7, que ocorre tanto nas florestas densas quanto nas bordas de mata, capoeiras e até mesmo em árvores isoladas das grandes cidades. Esse urutau tem tamanho médio de aproximadamente 40 centímetros e peso que varia entre 150 e 190 gramas.
Pires diz que a presença do urutau não representa um desequilíbrio como no caso de outras aves, como as maritacas, ou de outros animais, como os caramujos. “O que aconteceu é que ele veio para o meio urbano porque é muito mais fácil achar insetos que se concentram nas luminárias, durante a noite, em maior número do que na mata. Nos casos das maritacas e de caramujos, mesmo sendo de fácil visualização, a gente percebe um grande aumento em seu número. Esses são exemplos do desequilíbrio”, avalia o diretor.
No folclore brasileiro é considerado como ‘ave fantasma’ e alimenta lendas, contos e poesias, recebendo outros nomes como mãe-da-lua, manda-lua, ibijaú, chora-lua, preguiça, jurutau, jurutauí, urutágua, urutago, urutauí, urutavi e cacuí.
Fonte: JCNet