O Centro de Santa Cruz do Sul (RS) tem três novos moradores há pelo menos dois meses. Três urubus-de-cabeça-preta têm sido vistos repousando no alto dos prédios. O grupo realiza voos planados entre as árvores do túnel verde e se mistura à paisagem urbana em um habitat que, se não fossem as mudanças causadas pelo homem, não seria seu.
“Quando resolvem aparecer, eles às vezes ficam a tarde toda parados em cima do prédio onde trabalho. As pessoas passam, olham, tiram fotos. As opiniões são divididas, mas até hoje eles não fizeram nenhum mal”, afirma o estagiário da Casa das Artes, José Cláudio Barbosa de Sousa. A alguns metros de distância do local, próximo ao Colégio São Luís, outro lugar preterido pelos animais, a cabeleireira Inês Silveira assiste aos passeios dos urubus pela janela do estabelecimento. Ela conta que eles circulam pela marquise do educandário e escolhem os galhos mais altos das árvores para repousar. “Na primeira vez em que apareceram foram a sensação entre as clientes, mas acostumamos. A pergunta que nos fazemos é se eles representam algum risco à saúde”, questiona.
O fato de estarem alocados no Centro da cidade representa, segundo o professor do Departamento de Biologia e Farmácia da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Jair Putzke, uma reação às modificações do meio ambiente causadas, por exemplo, pelo desmatamento e exploração de recursos em áreas de considerável altitude, onde urubus costumam viver. Conforme ele, em grandes centros urbanos como São Paulo, é comum observar ninhos no alto dos prédios devido à migração de aves para as cidades em busca de alimento.
Fonte: Gaz