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ESTRESSE CLIMÁTICO

Ursos polares parecem estar "reescrevendo DNA" para se adaptar às mudanças climáticas, indica estudo

“A descoberta é importante porque demonstra, pela primeira vez, que um grupo único de ursos polares na região mais quente da Groenlândia está usando 'genes saltadores' para reescrever rapidamente seu próprio DNA", dizem pesquisadores

12 de dezembro de 2025
Renata Turbiani
3 min. de leitura
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Foto: Getty Images

Cientistas da Universidade de East Anglia (UEA), do Reino Unido, descobriram uma ligação entre o aumento das temperaturas e mudanças no DNA dos ursos polares. Eles constataram que alguns genes relacionados ao estresse térmico, ao envelhecimento e ao metabolismo estão se comportando de maneira diferente nos animais que vivem no sudeste da Groenlândia, sugerindo que eles podem estar se adaptando às condições mais quentes.

O estudo, publicado na revista Mobile DNA, analisou amostras de sangue coletadas de 12 ursos polares do nordeste e 5 do sudeste da Groenlândia para comparar a atividade dos chamados “genes saltadores” – pequenos fragmentos móveis do genoma que podem influenciar o funcionamento de outros genes -, sua relação com as temperaturas nas duas regiões e as mudanças associadas na expressão gênica.

Segundo os resultados, as temperaturas no nordeste da Groenlândia eram mais frias e menos variáveis. Já as do sudeste flutuavam e o ambiente era significativamente mais quente e menos gelado.

“O DNA é o livro de instruções dentro de cada célula, que guia o crescimento e o desenvolvimento de um organismo”, disse a pesquisadora principal, Alice Godden, da Escola de Ciências Biológicas da UEA, em comunicado.

“Ao comparar os genes ativos desses ursos com dados climáticos locais, descobrimos que o aumento das temperaturas parece estar impulsionando um aumento drástico na atividade dos genes saltadores no DNA dos ursos do sudeste da Groenlândia.”

Ela acrescentou que isso significa que diferentes grupos de ursos estão tendo diferentes seções de seu DNA alteradas em taxas diferentes, e essa atividade parece estar ligada ao seu ambiente e clima específicos.

“A descoberta é importante porque demonstra, pela primeira vez, que um grupo único de ursos polares na região mais quente da Groenlândia está usando ‘genes saltadores’ para reescrever rapidamente seu próprio DNA, o que pode ser um mecanismo de sobrevivência desesperado contra o derretimento do gelo marinho”, salientou.

E ela continuou: “Enquanto o resto da espécie enfrenta a extinção, esses ursos específicos fornecem um modelo genético de como os ursos polares podem se adaptar rapidamente às mudanças climáticas, tornando seu código genético único um foco vital para os esforços de conservação.

Apesar disso, os pesquisadores observaram que os esforços para reduzir as emissões globais de carbono e desacelerar o aumento da temperatura devem continuar. O próximo passo deles será analisar outras populações de ursos polares — existem cerca de 20 subpopulações em todo o mundo.

Fonte: Um só Planeta

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