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Ursos-polares estão perdendo gordura e massa corporal

15 de julho de 2010
2 min. de leitura
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Ursos-polares da Baía de Hudson, no Canadá, podem entrar em extinção nas próximas três décadas com o derretimento do gelo ártico e a redução do tempo de caça. Esta é a conclusão de um estudo da Universidade de Alberta, publicado na edição mais recente da revista Biological Conservation.

Foto: Michel Terrettaz

Os animais da baía, uma das 19 subpopulações existentes no Ártico, estão perdendo gordura e massa corporal conforme diminui o período em que passam sobre a camada de gelo flutuante. É neste local em que eles caçam suas principais presas, as focas aneladas e barbadas. O urso precisa acumular gordura suficiente no inverno, período em que o gelo está no auge, para sobreviver durante o verão, quando esta camada retrai para o litoral, impossibilitando a procura por comida.

O gelo, no entanto, tem se formado mais tarde no outono e derretido antes do previsto na primavera. Assim, os ursos têm gasto, em média, três semanas a mais em solo firme por ano, em relação ao que era registrado nos anos 80.

O aumento do jejum provoca mudanças visíveis no corpo da espécie. A redução do peso dos ursos da região é de, em média, 27 quilos. As fêmeas perderam 10% de seu comprimento. A população de ursos da baía diminuiu de 1.200 para 900 em poucas décadas.

Se o declínio da camada de gelo continuar como consequência natural do aquecimento global, teme-se que os ursos resistam, no máximo, de 25 a 30 anos. Há, porém, quem acredite que a espécie suma da baía em pouco mais de uma década se a camada de gelo encolher muito nos próximos anos.

A camada de gelo do Ártico registrou seu menor nível em setembro de 2007. Nos últimos dois anos, recuperou parte de sua área, mas voltou a perdê-la rapidamente este ano. A dependência que os ursos têm dela é há muito conhecida, o que tornou a espécie um ícone entre os militantes contra o aquecimento global. Até agora, porém, as previsões sobre a sobrevivência da espécie eram pouco mais do que chutes a esmo.

A pesquisa conduzida pela Universidade de Alberta foi a primeira a calcular a sobrevida dos ursos na baía com base em um modelo matemático. A fórmula combina o peso dos animais e sua capacidade de armazenamento de energia. Estes índices são conhecidos pela análise do ritmo de encolhimento do gelo flutuante e pelo tempo que o animal sobrevive sem caçar.

“O declínio gradual das condições físicas dos ursos ocorre desde os anos 80”, alerta o coordenador da pesquisa, Andrew Derocher. “Agora nós podemos relacionar este fenômeno com a perda da camada de gelo. E esses acontecimentos podem assumir uma velocidade dramática”.

Fonte: O Globo

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