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Urso vê a luz solar pela 1ª vez após viver 10 anos na escuridão em fazenda de bile

16 de dezembro de 2016
4 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto: Animals Asia
Foto: Animals Asia

Tuan Bendixsen está acostumado a ver animais em condições horríveis. Como o diretor vietnamita da Animals Asia, ele ajudou a resgatar centenas de primatas, ursos, cães e gatos que viviam em cativeiro e em outras situações abusivas.

Entretanto, ele nunca tinha visto nada como a fazenda da bile de ursos em Buon Ma Thuot City, no Vietnã. Recentemente, uma equipe de resgate liderada pela Animals Asia invadiu a propriedade que operava ilegalmente, onde seis ursos-lua viviam em um cenário atroz.

“Ficamos chocados. Era ruim, para ser honesto, foi a primeira vez que vi algo assim”, disse Bendixsen.

A pior parte eram as jaulas. A maioria dos fazendeiros de bile mantém os ursos-lua em jaulas de malha de aço, o que já é cruel o suficiente. Mas esses ursos foram mantidos em caixas de concreto. Não só eles mal podiam ver o que havia fora de seus pequenos espaços, mas também viviam em uma escuridão parcial.

Foto: Animals Asia
Foto: Animals Asia

“Que inferno esses ursos têm suportado. Eles estiveram isolados e não conseguem enxergar muito bem, é uma cova de concreto e eles passaram anos lá”, afirmou Bendixsen.

Foram 10 anos na verdade.  É por esse período que Bendixsen acredita que os ursos viveram assim. Os animais teriam saído de suas jaulas apenas para o doloroso processo de extração biliar.

Bile é um suco digestivo produzido dentro do fígado de um urso e armazenado na vesícula biliar. Infelizmente, ela  considerada um ingrediente valioso pela medicina chinesa, apesar de haver versões sintéticas disponíveis.

O processo de extração de bile é incrivelmente cruel , o fazendeiro insere um tubo na lateral do corpo dos ursos ou criar uma ferida permanente através da qual a bile pode fluir livremente. Isso pode causar problemas físicos e psicológicos nos ursos.

Embora a bile de urso seja ilegal no Vietnã desde 1997, a demanda contínua mantém a indústria. A Animals Asia estima que 1200 ursos-lua são explorados por sua bile no Vietnã. Na China, o problema é pior: mais de 10 mil estão presos em fazendas.

Alguns progressos foram feitos embora isso tenha sido lento. Em 2005, o governo vietnamita começou a combater as fazendas de bile, fazendo com que fazendeiros assinassem declarações dizendo que não iriam mais extrair bile de ursos, mas, ao mesmo tempo, eles lhes permitiram criar os animais. Agora, muitos afirmam que estão mantendo os ursos como “animais domésticos” quando o que realmente estão fazendo é administrar fazendas de bile.

Foto: Animals Asia
Foto: Animals Asia

Se a equipe Animals Asia não tivesse recebido uma denúncia sobre a fazenda em Buon Ma Thuot City, seria impossível saber o que estava acontecendo lá. “A propriedade era muito grande e eles tinham um grande portão com um sinal que dizia ‘cães agressivos’, o que significa que as pessoas nunca pisarão ali”, disse Bendixsen.

Quando Bendixsen e a equipe de resgate chegaram pela primeira vez, não conseguiram ver os ursos muito bem dentro de suas gaiolas escuras. Mas quando transportaram os animasi para caixas de transporte, Bendixsen notou que um dos ursos – que eles chamavam de Snow – tinha pés muito infectados. As garras haviam crescido em suas patas.

“Às vezes acontece porque eles não estão autorizados a vagar livremente e arranhar árvores e assim por diante”, explicou Bendixsen.

Snow também não tinha dois terços de sua língua. “É provável que ele tenha sido mordido  em uma luta com outro urso”, apontou Mandala Hunter-Ishikawa, veterinário sênior da Animals Asia, em um comunicado de imprensa.

Foto: Animals Asia
Foto: Animals Asia

Felizmente, a equipe conseguiu resgatar todos os seis ursos, e levou-os para o seu santuário em Tam Dao, no Vietnã.

A equipe nomeou os outros cinco como Poe, Cranberry, Winter, Ivy e Bí Xanh, que significa “abóbora verde” em vietnamita.

Os ursos terão um longo período de recuperação. Eles precisam passar 45 dias em quarentena antes que possam ser transferidos para compartimentos maiores. E, compreensivelmente, também estão bastante receosos, especialmente Cranberry.

“Ela bufa e avança em você sempre que chegar perto. Nós a chamamos de Cranberry Cranky, eles ainda são muito cautelosos com os humanos, você não pode culpá-los, depois do que passaram”, contou Bendixsen ao The Dodo.

Mas tudo deve melhorar com o tempo. “Normalmente em cerca de uma semana ou mais, eles vêm ao redor quando percebem que  estão recebendo boa comida e não estamos ferindo-os”, acrescentou.

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