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LONGE DE CASA

Ursa polar nasce em cativeiro no Aquário de São Paulo: um retrato cruel da exploração animal

O nascimento de Nur, a primeira ursa polar nascida na América Latina, expõe a crueldade do cativeiro: um animal do Ártico condenado a viver em um clima tropical, longe de seu habitat natural.

15 de fevereiro de 2025
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Nur, ursa polar nascida em SP, com três meses. Foto: Divulgação/ Aquário de SP

No dia 17 de novembro de 2024, nasceu uma ursa polar, batizada como Nur, filha de Aurora e Peregrino, dois ursos polares que vivem há uma década no Aquário de São Paulo. O fato, celebrado como um marco por ser o primeiro nascimento de um urso polar na América Latina, esconde uma realidade sombria: a perpetuação de uma prática cruel e antiética que submete animais selvagens a condições incompatíveis com suas necessidades biológicas e naturais.

A existência de ursos polares em uma cidade que passa por um verão quente como São Paulo já é, por si só, um absurdo. Esses animais, naturalmente adaptados ao clima gélido do Ártico, são forçados a viver em um ambiente artificial, longe de seu habitat natural, onde enfrentam temperaturas elevadas e uma rotina completamente diferente de seu comportamento selvagem. O nascimento de Nur, em vez de ser motivo de comemoração, é um lembrete triste de como os zoológicos e aquários perpetuam a exploração animal em nome do entretenimento humano.

A gestação de Aurora e o parto de Nur foram monitorados de perto pela equipe do Aquário, que destacou a fragilidade dos filhotes de urso polar e a necessidade de cuidados intensivos nas primeiras horas de vida. No entanto, essa narrativa ignora o fato de que, na natureza, os ursos polares não precisariam de intervenção humana para sobreviver. A própria separação de Aurora e Peregrino, justificada como uma medida para evitar estresse, é uma distorção do comportamento natural desses animais, que, em seu habitat, vivem de forma solitária e só se encontram para acasalar.

O Aquário de São Paulo tenta normalizar a vida em cativeiro, mas a realidade é que nenhum recinto artificial pode reproduzir as complexidades do Ártico, onde os ursos polares têm vastos territórios para explorar, caçar e viver conforme seus instintos. Em vez disso, Nur e seus pais estão condenados a uma vida de confinamento, sob constante observação humana, em um ambiente que não oferece estímulos adequados para sua espécie.

A exploração de animais selvagens em zoológicos e aquários é uma prática ultrapassada e cruel, que precisa ser urgentemente repensada. O nascimento de Nur não é um triunfo da proteção, mas sim um exemplo de como a indústria do entretenimento animal continua a priorizar lucros em detrimento do bem-estar das espécies que afirma proteger. Enquanto instituições como o Aquário de São Paulo insistirem em manter animais aprisionados, estaremos perpetuando um ciclo de sofrimento e desrespeito aos direitos animais.

É hora de questionarmos a existência desses espaços e exigirmos políticas que priorizem a preservação dos habitats naturais, em vez de aprisionar animais em ambientes inadequados. Nur e sua família merecem mais do que uma vida de cativeiro em uma cidade quente e barulhenta. Eles merecem a liberdade que lhes foi roubada.

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