(da Redação)
Há décadas atrás, Harry Harlow tornou-se famoso pelas cruéis experiências de privação materna realizadas por ele em macacos rhesus na Universidade de Wisconsin, em Madison (EUA). Apesar do trabalho ter sido condenado e desacreditado, a universidade está repetindo os seus métodos com o objetivo de estudar a depressão e a ansiedade em humanos. As informações são da Care2.
Em sua pesquisa para entender o amor, Harlow foi criativo nos métodos que utilizou para infligir incompreensível sofrimento a centenas de macacos que tiveram a infelicidade de estar no Centro de Pesquisas de Primatas de Wisconsin naquele momento.
Ele criou mães artificiais feitas de arame ou de tecido, e a “Iron Maiden”, uma mãe “do mal” que podia chacoalhar violentamente os seus bebês, atirar ar gelado sobre eles e espetá-los com espinhos invisíveis.
Isso não foi tudo – ele inventou a “rape rack” (que pode ser traduzida como “estante de estupro”) e o “pit of despair” (“poço de desespero”). Esse último consistia em uma câmara de isolamento onde os macacos eram deixados por mais de dois anos, no escuro, sem nenhum contato com ninguém. Isso foi criado com a ajuda de seu aluno na época, Stephen Suomi, que mais tarde tornou-se diretor do Laboratório de Etiologia Comparada no National Institute of Child Health and Human Development, do renomado National Institutes of Health (NIH).
Após todos os transtornos e danos que causou com as experiências, ele chegou à conclusão de que a necessidade de uma criança do que ele chamava de “conforto do contato” era maior que a sua necessidade de alimento. Eles não iriam abrir mão de suas mães substitutas, independente do quão sem vida e terríveis elas fossem.
Os apoiadores de Harlow afirmam que seu trabalho de tortura e danos psicológicos aos bebês macacos mudaram a face da paternidade hoje. No entanto, eles ignoram o trabalho de outros que chegaram à mesma conclusão sem causar mal a animais: a falta de amor materno e de afeição podem ter consequências emocionais desastrosas que podem perdurar até a idade adulta.
Mais ou menos na mesma época, as consequências da privação materna estavam sendo exploradas e trazidas à luz por outros, como John Bowlby, que foi pioneiro em abordar a teoria do apego como resultado de observações clínicas de adultos e crianças. Bowlby preparou o artigo “Maternal Care and Mental Health” para o evento da Organização Mundial de Saúde em 1951, que esclareceu a necessidade dos bebês em terem uma “relação calorosa, íntima e contínua com suas mães (verdadeiras ou substitutas), na qual ambos encontrem satisfação e aproveitamento”.
Seria importante que pudéssemos olhar para o que aconteceu no laboratório de Harlow e dizermos que não faremos coisas terríveis como aquelas nunca mais, e que seu trabalho ficaria relegado aos arquivos da universidade – mas isso não pode ser dito.
Novos pesquisadores de ética questionável estão dando um grande passo para trás ao pretender repetir os métodos controversos de Harlow. Eles obtiveram aprovação para fazer isso.
A proposta da pesquisa, que foi submetida ao Dr. Ned Kalin, membro do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Wisconsin-Madison, levantou questões éticas de como podemos justificar o sofrimento que isso irá causar e a indignação dos defensores de direitos animais que acreditam que a pesquisa é cruel e sem sentido.
De acordo com um artigo publicado pela WisconsinWatch.org, esse projeto passou por uma quantidade de votações sem precedentes na Universidade, seja porque é perturbador e eticamente indefensável, ou porque irá adicionar mais indignação à universidade que já foi alvo de críticas devido a cruéis experimentos em cérebros de gatos.
De qualquer forma, os oponentes do lado de fora do laboratório de primatas também acreditam que contribuintes não devem pagar por isso. O Centro de Pesquisas em Primatas da Universidade de Washington está enfrentando o mesmo problema com relação a experimentos em primatas não-humanos: os contribuintes patrocinam o NIH e este investe em experimentos inúteis que não trazem benefícios reais. Nesse caso, Kalin está recebendo 2 milhões de dólares em recursos para o “projeto”.
Segundo o Wisconsin Watch, a maior parte do dinheiro será usada para pesquisas envolvendo humanos, “incluindo um subprojeto que irá escanear cérebros de 180 crianças de um a 24 meses de idade, de modo não invasivo. Suas famílias serão monitoradas para prover dados comportamentais em caso de adversidade”.
Ainda assim, os pesquisadores querem os macacos. Desta vez, 40 filhotes serão usados. Vinte deles permanecerão com suas mães, enquanto os outros 20 serão retirados delas, isolados e expostos a diferentes agentes de estresse, incluindo uma serpente viva, com o objetivo de criar e medir a ansiedade. Ao final do experimento, todos os animais serão mortos.
A justificativa para repetir o estudo é que, quando Harlow realizou aqueles experimentos, não havia tecnologia para se estudar completamente as alterações no cérebro. Agora os pesquisadores podem usar medidores para ver quando a tortura psicológica começa a mudar a função cerebral e as vias neurais. O argumento não é válido, pois considerando o que já aprendemos e as oportunidades que temos atualmente para estudar desordens psicológicas em humanos, não deveríamos voltar para os primatas não-humanos procurando por respostas.
Infelizmente, esse é o raciocínio circular que assola a vivissecção. Os defensores da mesma dizem que as semelhanças entre nós e os primatas são suficientes para torná-los bons modelos, mas eles são diferentes o suficiente para que possamos justificar o sequestro, a reprodução, o confinamento, a privação, as mutilações, infectá-los, matá-los e dissecá-los. É impossível as duas coisas serem verdadeiras.
Para mais informação sobre como ajudar a impedir a continuidade dos experimentos de privação materna na Universidade de Wisconsin-Madison, visite o site da Alliance for Animals and the Environment e da UW Not in Our Name.
Você também pode contatar o presidente da Universidade de Wisconsin, Ray Cross, pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone 608-262-2321, pedindo que o mesmo desista da ideia de sujeitar bebês de macacos ao sofrimento indefensável em nome da “ciência”.