Uma das principais universidades do Reino Unido está lançando um centro dedicado ao estudo da senciência animal.
A London School of Economics and Political Science (LSE) descreveu seu novo Centre for Animal Sentience (Centro para a Senciência Animal) como o primeiro do mundo no gênero.
Senciência é a capacidade de um ser experimentar sentimentos e sensações, como prazer, dor, fome e excitação. Embora hoje possa parecer óbvio que os animais sentem prazer e dor, geralmente só nas últimas décadas os governos reconheceram sua senciência em legislações e leis.
No centro da LSE, o trabalho se concentrará no desenvolvimento de novas abordagens científicas para estudar os sentimentos dos animais, com os resultados visando melhorar políticas, leis e formas de cuidar dos animais.
Ao ampliar nossa compreensão sobre as complexidades de como os animais vivenciam suas vidas, há esperança de que possamos continuar a introduzir e fortalecer políticas para reduzir ou eliminar o sofrimento animal.
Com lançamento previsto para o outono deste ano, o centro cruzará disciplinas e incorporará desde filosofia, economia e direito até medicina veterinária, ciência da computação e inteligência artificial.
O professor Jonathan Birch, do Departamento de Filosofia, Lógica e Método Científico da LSE, será o diretor inaugural do centro e tem grandes esperanças de como o projeto pode inspirar mudanças positivas para os animais.
“Vamos criar um mundo em que todos os seres sencientes sejam respeitados, até os menores. Vamos fazer um mundo onde a IA seja usada para beneficiar todos os animais, não para facilitar a crueldade. Vamos criar um mundo em que as pessoas sejam capacitadas a agir de acordo com seu amor pelos outros animais, em vez de serem levadas à indiferença”, disse o professor Birch antes do lançamento do centro.
Trabalhos anteriores do professor Birch já ajudaram a criar mudanças legislativas históricas. A extensa pesquisa de sua equipe, que reuniu evidências de senciência em moluscos e crustáceos como polvos, lagostas e caranguejos, levou à revisão da Animal (Welfare) Sentience Act do Reino Unido para incluir esses animais.
Tais avanços exigem pesquisas de longo prazo, que o centro espera desenvolver em algumas áreas-chave de interesse. Três prioridades iniciais incluem explorar como a IA pode beneficiar e ameaçar os animais, a senciência dos menores invertebrados e como a psicologia pode nos ajudar a mudar as escolhas das pessoas para decisões mais compassivas em relação aos animais.
Jeremy Coller, filantropo cuja fundação homônima patrocinou o centro, disse em um comunicado que acredita que o poder da IA pode nos ajudar a desvendar como outros animais vivenciam suas interações com humanos. Por sua vez, uma melhor compreensão de como outros animais sentem e se comunicam nos ajudará a reconhecer nossas próprias falhas no tratamento que lhes damos, acrescentou.
“Esta não será uma pesquisa de torre de marfim feita por si só — queremos mudar a forma como os humanos se relacionam com o resto do mundo natural”, concluiu o professor Birch. “Alguns podem dizer que este é um sonho impossível, mas a fronteira entre o ‘possível’ e o supostamente ‘impossível’ é algo que pretendemos mover.”