Neste mês é celebrado o Dia Internacional da Onça-Pintada (29/11). Um estudo realizado pela Universidade Santo Amaro, uma das principais faculdades de saúde do país, revela a presença de agentes virais e parasitários em indivíduos de onças-pardas e onças-pintadas, que vivem nos biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. A pesquisa foi realizada pela médica veterinária Camylla Silva Pereira, durante seu Mestrado no Programa de Pós-graduação em Saúde Única, sob orientação do professor doutor Herbert Sousa Soares.
Os pesquisadores constataram, nas onças-pardas, a presença de vírus das famílias Coronaviridae e Parvoviridae, além de protozoários do gênero Hepatozoon. Em ambas as espécies, onças-pardas e onças-pintadas, foi detectada a presença de protozoários da ordem Piroplasmida, que são parasitas transmitidos por carrapatos.
De acordo com Camylla, quanto mais estudos realizados sobre agentes infecciosos e parasitários, maior é o avanço no conhecimento sobre a saúde das onças-pardas e onças-pintadas nos diferentes biomas em que estas espécies habitam. “Doenças infecciosas e parasitárias podem contribuir para o declínio populacional da vida selvagem, representando grave ameaça à biodiversidade”, pontua a veterinária.
“A crescente fragmentação dos habitats, aliada à presença humana e de animais domésticos em áreas antes ocupadas somente por espécies silvestres, pode impactar negativamente a fauna nativa. Além disso, este cenário pode afetar a saúde humana, favorecendo a existência de novas relações entre patógenos e hospedeiros”, destaca a pesquisadora.
Ainda segundo a cientista, é complexa a relação entre humanos, animais domésticos e silvestres, sendo necessário adotar medidas de prevenção e controle, além do monitoramento de alguns agentes, para reduzir a ocorrência de doenças infecciosas e parasitárias.
“A onça-pintada, maior predador terrestre das Américas tropicais, é uma espécie considerada como vulnerável na lista oficial de espécies brasileiras ameaçadas e vem apresentando redução significativa da sua população. A presença de onças-pintadas em uma região é um indicativo do alto grau de conservação ambiental, além disso esses felinos desempenham importante papel na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas”, esclarece Camylla.
O estudo foi realizado entre os anos de 2022 e 2024, e utilizou amostras biológicas de 17 onças-pardas e quatro onças-pintadas, obtidas por meio de parcerias com o Programa Amigos da Onça – Instituto Pró-carnívoros; Projeto Carnívoros da Serra do Itajaí; Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros – CENAP-ICMBio e Parque Zoológico Municipal de Bauru.
A pesquisa contou com o apoio do Programa Amigos da Onça do Instituto Pró-Carnívoros; do CENAP (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros) do Parque Zoológico Municipal de Bauru, do Projeto de Conservação de Carnívoros do Parque Nacional da Serra do Itajaí – SC do Instituto Pró-Carnívoros e do Laboratório de Investigação Etiológica (LIvE Vet) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), sob a supervisão da professora doutora Aline Santana da Hora.
A Unisa oferece o Programa de Mestrado em Saúde Única, voltado para a saúde humana e animal, meio ambiente e suas inter-relações. Com duração de dois anos e carga horária de 810 horas, o curso é coordenado pela professora doutora Adriana Cortez e tem como linhas e projetos de pesquisa: saúde, bem-estar e biodiversidade.
O Programa de Pós-graduação em Saúde Única da Unisa, recomendado pela Capes, também colabora com o projeto “Captura, tratamento e identificação de indivíduos de lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) acometidos por sarna sarcóptica na Estação Ecológica e Estação Experimental de Itirapina, São Paulo”, envolvendo docentes e alunos que são responsáveis pela identificação de ectoparasitas e detecção de agentes bacterianos, parasitários e virais dos animais capturados.
Fonte: Jornal Candeeiro