(da Redação)
Uma universidade britânica deverá abandonar experimentos em babuínos na África após uma investigação secreta ter exposto “terríveis sofrimento e crueldade” pelos quais passavam os animais. As informações são do Daily Mail.
Fotos angustiantes reveladas pelo The Mail mostraram os macacos – animais inteligentes e sociáveis - espreitando fora de suas frias gaiolas de arame, bebês agarrados entre si para se confortar e adultos tendo pedaços de seu cérebro removidos em uma mesa de cirurgia.
Uma imagem particularmente desoladora mostrava um babuíno bebê recém-capturado com sua mãe que o amamentava ao mesmo tempo em que faziam nela uma tatuagem de identificação no centro de pesquisas em primatas no Quênia.
Segundo a reportagem, experimentos em babuínos e outros primatas capturados na natureza são proibidos no Reino Unido devido as preocupações com o sofrimento envolvido na captura e no transporte.
Mas uma investigação da União Britânica para a Abolição da Vivissecção (BUAV) revelou que cientistas da Universidade de Newcastle estavam voando milhares de quilômetros até o Quênia para fazer um trabalho sobre babuínos capturados nas planícies africanas.
O pesquisador-chefe, professor Stuart Baker, fez uma defesa apaixonada de sua busca para encontrar novos tratamentos vitais para pacientes vítimas de acidente vascular cerebral.
Ele também negou ignorar a lei britânica, dizendo que as preocupações com o bem-estar animal por trás da proibição não se aplicam ao seu trabalho na África, argumentando que os babuínos não estão ameaçados de extinção, são capturados de forma humana e só são transportados a uma curta distância.
Ele disse que um de seus objetivos quando chegou ao Instituto de Pesquisa em Primatas em Nairobi era o de melhorar os “padrões de bem-estar animal”, e as condições tinham melhorado muito durante seu tempo de trabalho no local.
Mas agora, quase três semanas depois que as imagens vieram à tona, a universidade anunciou que está planejando interromper as pesquisas no Quênia, e todos os outros projetos em outros países serão revistos.
O recuo obteve crescente apoio público da campanha da BUAV pelo fim dos experimentos financiados pelos contribuintes.
Duas petições atraíram mais de 22.000 assinaturas e a adesão de celebridades que endereçaram perguntas a parlamentares. A atriz Joanna Lumley, o comediante Ricky Gervais e o apresentador Chris Packham aderiram à chamada para que o trabalho seja interrompido.
A BUAV supõe que a preocupação de outros pesquisadores da Universidade de Newcastle também possa ter desempenhado um papel na luta pelo fim da experimentação.
Sarah Kite, diretora da instituição de caridade de projetos especiais, disse: “Congratulamo-nos com este movimento pela Universidade de Newcastle para parar com estas pesquisas controversas no Quênia. A investigação da BUAV tem causado um clamor público, as pessoas ficaram chocadas, e é justo que a Universidade deva responder de uma forma correta”.
Ela também comentou que fica clara a brecha na lei, pelo fato dos pesquisadores estarem utilizando fundos públicos para ir ao exterior realizar a horrível pesquisa em primatas selvagens capturados, algo que não seria permitido no Reino Unido.
Procedimentos em babuínos
Segundo a BUAV, a investigação concluiu que:
Ao serem pegos de seu habitat natural, os babuínos são confinados em pequenas celas e transportados por horas na traseira de uma pick-up até os laboratórios. A captura de primatas do ambiente selvagem é cruel e inflige grande sofrimento. O impacto negativo causado pela captura é reconhecido universalmente por órgãos oficiais e a exploração de animais selvagens capturados em pesquisas científicas é banida em diversos países, incluindo o Reino Unido.
Dentro dos laboratórios, os babuínos são aprisionados sob condições que comprometem seriamente seu bem-estar e quebram os protocolos internacionais já vigentes, incluindo a Diretiva Europeia e da Sociedade Internacional Primatológica. Alguns babuínos são confinados em celas de metal sem nenhuma companhia. Essa condição pode causar distúrbios e comportamentos anormais, já alguns animais são vistos andando em círculos dentro de suas celas. A introdução de babuínos a outros de sua espécie é feita de maneira pobre, resultando em brigas e machucados. Alguns filhotes são retirados de suas mães ainda bebês e jogados sozinhos em celas.
Os experimentos ministrados pelo pesquisadores da Universidade de Newcastle incluem uma invasiva cirurgia cerebral em que a cabeça dos babuínos é colocada em um aparelho para prender seu tronco e crânio. Com o crânio preso, os pesquisadores o abrem e retiram pedaços de seu cérebro. Eles são anestesiados horas antes do procedimento, que os leva à morte. Alguns babuínos ainda são mantidos vivos por cinco semanas após as cirurgias e só conseguem se alimentar por meio de tubos.
O vídeo abaixo mostra a investigação feita pela BUAV.